Sentir

Nada mais humano do que sentir, e por isso, eu não consigo entender as pessoas que se envergonham do que sentem, das suas emoções. 

Na ocasião da morte de minha cadelinha Latifah - e em outras ocasiões de perdas familiares - eu escrevi sobre o assunto; recebi mensagens de solidariedade, de pessoas que passaram pelas mesmas situações - afinal, todos nós que estamos por aqui perdemos e/ou perderemos alguém, um dia. Quando eu coloco meus sentimentos em um texto, eu me sinto melhor, pois eles ficam mais claros para mim, e a superação vem mais rapidamente. 

Algumas pessoas me criticam porque eu coloco meus sentimentos assim, em meus poemas e crônicas; mas eu não ligo. Assim como também não critico os que preferem guardar suas emoções para si mesmos; apenas lamento por eles. Aos quarenta e oito anos de idade, preocupar-se com o que os outros pensarão de mim torna-se o menor dos problemas. Faço o que eu vejo como certo, o que me faz sentir bem.

E embora a dor e a saudade não diminuam, quando alguém partilha conosco uma dor semelhante, nós nos lembramos de que somos todos feitos da mesma matéria, que não somos melhores ou piores que ninguém, e que viver é estar nessa corda bamba de onde despencamos de vez em quando.

A vida é bastante democrática quando se trata de alegrias e tristezas. Não tenho vergonha das minhas tristezas, e não sinto culpa pelas minhas alegrias. Tudo é viver, tudo é experiência. Tenho meus momentos de ser introspectiva e tenho meus momentos de ser solidária e extrovertida, e em todos os momentos, não deixo de ser eu e nem finjo alguma coisa que eu não esteja sentindo. Quando estou escura, mergulho fundo na minha escuridão, e vejo o que tem lá para mim (sempre tem alguma coisa importante que passaria despercebida se eu lutasse para ficar à tona). E quando estou contente, eu partilho a minha alegria com as pessoas que eu gosto da maneira que eu quiser.

Não me envergonho de ser humana, jamais.


Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 24/06/2014
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