Minha casa

Vou palavreando por aqui

nas entrelinhas da minha noite

diferente esta noite.

Sim, esta noite estou empolgada

com as letras de mil palavras.

São vírgulas nas coisas que pensei serem só minhas,

exclamações nos dias de saudade absurda!

Reticências que nunca tinham fim

nas noites em que eu não sentia você junto a mim...

E alguns tantos pontos finais

nos momentos que não me pertenciam mais.

Caramba se você soubesse o quanto é difícil

desistir do impossível,

fazer a mala e voltar pra casa!

Sim, porque eu sempre acreditava

que eu tinha casa pra voltar,

um abraço pra me acalmar

a noite inteira.

Era tanta besteira

e confusão

na minha cabeça de menina coração.

E nessa inocente promessa,

Toda vez eu desistia

do impossível e partia.

Eu vivia buscando aquele afago meu, só meu.

Aquele que eu sempre deixava pra trás

e nem percebia.

E assim eu ia, sempre ia...

Pobre menina tola que não sabia

que o impossível

não existia.

Que tudo era só uma questão

de dar uma empurradinha naquele carro todo ferrado

que sempre andava na contramão...

E era desse jeito,

com tanta coisa emaranhada no meu peito,

sem casa e sem colo pra morar,

que eu fugia do amor.

Eu fugia todos os dias daquela dor!

Era só amanhecer

pra eu sair de mansinho

pé por pé devagarzinho

pra você não perceber.

Eu viva na estrada,

sempre de partida pra algum lugar.

Mas um dia eu cansei,

deixei as malas na sombra

e aquela árvore virou meu lar.

Quando parei de procurar

finalmente encontrei

um cantinho pra morar.

Do amor eu ainda nada sei

e acho que não é hora de saber,

ainda não.

Não quero viver com medo

de ter que um dia esquecer.

De novo não.

Aprendi nas encruzilhadas da vida

a guardar e lembrar

de tempos em tempos

minhas loucuras sem medida.

Não estou pronta pra deixar pra trás um pedaço

que não pôde virar laço.

Mas a vista daqui de cima

da minha casa na árvore

é bem mais bonita de se ver.

É um pedaço de vida

Num laço de fita

lindo de viver.

Vou apreciando a paisagem

até a próxima estação,

Seja ela na próxima parada

Ou no despertar do verão.

Eu só sei que essa calma

me cai bem

E do resto,

daqui a pouco, mais além...

Estou em paz!

Daqui de cima vejo a lua,

vejo o trem.

Não perco a hora meu bem.

Não, não.

Dri Machado
Enviado por Dri Machado em 23/06/2014
Reeditado em 26/06/2014
Código do texto: T4855066
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