o acaso.
Quem nasceu primeiro? O destino ou o acaso? O conceito do que é ou o do que pode ser?
Para mim ambos nasceram juntos, esperando que o percebamos. Mesmo assim, acolho mais o acaso do que o destino, apesar de saber que os dois existem no meu universo particular . Mais primeiro falo do destino por tudo o que é repetitivo; Assim como um dia o sol nasce e isso é determinado, assim como todas as formas de vida que vivem de sua luz, para mais um ciclo, assim é o destino na minha visão mais superficial, pois conforme vou atribuindo eventos aleatórios ao nascimento de mais um dia, a percepção do acaso começa a dominar. Então descubro que não existem os dois, apenas existem minha forma de vê-los, e minha percepção molda e determina o significado de destino e acaso. Talvez por isso meu mundo tenha recebido chuvas de decisões não planejadas, pois o acaso torna minha vida mais dramática. Porque sou romântico. O destino trata de mecanizar o processo da vida, o acaso trata pra tornar tudo mais subjetivo, tudo mais desafiador. E se o mundo em que vivemos parece uma confusão absurda para os padrões que adotamos, e demonstra o domínio do acaso, isso prova que é nossa percepção, interpretação, imaginação, e todo o processo interno que determina o externo. Pois toda forma existente no exterior existiu primeiramente no interior do pensamento. Isso também prova de que uma inteligência nos imaginou antes de nossa existência. Do contrário como poderíamos existir? Somos nascidos do aleatório evento cósmico? Ou apenas não somos capazes o suficiente de entender o pensamento de Deus? Difícil responder tais perguntas, quão difícil responder a velha questão de como deus escreve certo com linhas tortas.
E se realmente transito entre o acaso e destino é porque às vezes prefiro um ao invés do ouro. Acolho o destino para longas conversas, pois ele me ajuda a aceitar as coisas que não pude mudar e sem isso não poderia viver em paz, mas logo que a carga é aliviada, me sinto preparado para acolher o acaso, com todo o entusiasmo que ele merece, pois como a vida teria graça de outra forma? Como sou grato a deus pelo acaso, o produtor de meu livre arbítrio. Mais deus não joga dados, me diria Einstein , ele joga sim, quando nos entrega o livre arbítrio, que produz e é produzido pelo acaso.
As vezes destaco os eventos aleatórios como os de maior impacto espiritual, e isso é porque considero que as coisas mais importantes para mim são o produto do acaso. Veja só: Quando, num relacionamento, os amantes que atravessaram a euforia do início e os momentos decisivos começam, posso dizer, talvez porque sou romântico mesmo, que tudo se torna obscuro quando se descobre que já proporcionou ou se está a proporcionar tudo o que pode ser dado ao outro espontaneamente mais não deu a única coisa que não pode ser dado por vontade própria, aí os conflitos internos começam (antes dos externos), pois você descobre que deu tudo o que podia dentro dos limites da vontade, mas não deu aquilo que não pode ser dado pela razão, o que só uma força superior ao nosso entendimento, se assim preferir enxergar, pode nos fazer proporcionar. Por isso não acredito em provas de amor, mas do que no próprio. Por conseguinte, muitos erros ocorrem quando abrimos mão da razão para tomarmos esse tipo de decisão, e é isso o que torna o mundo um lugar onde a maioria das coisas depende do esforço pessoal, e as que são essencialmente relevantes para vida amorosa e para ter paz de espírito, acabam , de uma certa forma, sendo determinado pelo acaso, a opção menos escolhida e alegre para se viver.