EM FAMÍLIA E PAÍS MACHISTAS... *

NA MANHÃ DE 18 DE JUNHO DE 2014

Em família machista, em país de estrutura machista, no qual a maioria das mulheres educa os filhos homens para o poder e a força (ainda que não se deem conta disso) e as filhas para a submissão, mundo no qual boa parte das mulheres aceita e acha justo seu jugo, o que faz uma mulher que tinha direito a voos mais altos, mas não pode mais voar voo nenhum (a não ser pelo pensamento, e olhe lá) por falta de solidariedade masculina (falo de homens da família, especificamente de irmãos) no tal chamado mundo real, solidariedade que lhe era devida por direito e por respeito legítimos? Lutou por eles em vão... A tal ponto isso tudo lhe dói, que chega a desejar ter nascido homem, embora não seja gay (não diz isso por qualquer espécie de preconceito, que abomina quaisquer preconceitos). Ou ter nascido em alguma outra espécie de mundo.

Uma parte do mundo em que se acha normal e natural os sacro-ofícios das mulheres, das mulheres, em função de necessidades de outros (leia-se, da família, essencialmente), com perda grande, às vezes total, de seus direitos profissionais, pessoais, e tudo o mais - à parte discursos que amenizem ou escamoteiem tal fato - é um mundo falto de justiça, também nisso, no modo como trata as mulheres que o habitam (falta de justiça é o que não falta em nosso mundo).

Entendam-me, por favor: não estou demonizando os homens, também vítimas da educação recebida, na família e pelo sistema social que a legitima, a tal educação. Também não estou culpando as mães que, em sua maioria e muitas vezes inconscientemente, não educam seus filhos homens para uma maior fraternidade e sentimento de partilha, com relação a deveres que devem ser de todos, homens e mulheres, como cuidar dos idosos. Estou apenas colocando uma situação de fato, como via de regra se apresenta. Também não estou generalizando: Há, claro, uma parcela de homens que se envolve, diretamente, no cumprimento dos deveres, no que se refere aos cuidados com os mais velhos e os mais frágeis da família, mesmo que apenas proporcionando algum direito, mínimo que seja, ao menos a descanso temporário e lazer, ao chamado cuidador, quase sempre, em sua absoluta maioria, categoria composta por mulheres.

*1. Meu objetivo, com certeza, não é o de criar polêmica, é apenas o de firmar um ponto de vista. Apenas o de firmar o meu ponto de vista. Todos temos direito a um ponto de vista, mesmo que não seja o da maioria.

* 2. Se certa condição pessoal me faz mal, me exila dos meus direitos como indivíduo, como ser pensante e socialmente produtivo para além das paredes do lar, as razões para isso não são apenas emocionais. Não somente emocionais, com toda certeza. Ainda que eu admita que este escrito corresponda à necessidade de algum desafogo.

* 3. Que fique claro: amo minha mãe. Jamais a abandonei. Jamais a abandonarei. Isso não faz parte do meu caráter,que tenho e sempre tive, agudo, o senso de dever. (não muito dos deveres para comigo mesma; isso a vida pouco permitiu).

Bom dia, amigos. Obrigada pela atenção e por tudo. Continuem me querendo bem, que não sou E.T. nem um ser desumano. Não o sou. Tenho apenas uma sinceridade e uma lucidez que chegam a causar mal, mas,que nunca desejam causar mal.