OTÁRIO, POR DECRETO

Será uma maldição isso que sou, será que fui desprovido da vida e da felicidade?

Talvez o que tenha me causado isso tenha sido os outros, sempre foram o os outros.

Mas paro agora pra pensar, os outros, são só os outros, o que eles tem a ver com a nossa vida se eles nunca fizeram parte direta com ela?

Talvez, seja minha culpa por eu ser tão infeliz, tão analítico a ponto de usufruir disto que ousam chamar de dom. Mas o que posso fazer? A vida me ensinou a ser assim, a negar sorrisos desnecessários, a parar de usar máscaras que estimulam a ilusão de uma falsa felicidade para aqueles que deixam tudo de lado para viver somente aquele momento e esquecer do amanhã, e do mais tarde.

Serei, por decreto, o "otário", o "louco", o "inconstante", o "sério", o "frio", serei tudo que dizem que sou, pois nunca deixarei de ser o que sou por quem troca uma hora, por um minuto, ou seja, ei de merecer algo desta vida, mais cedo ou mais tarde, colherei os frutos de meus atos e vivo pensando no ontem, fixando no hoje e me preparando pro amanhã.