Ana Claudia

Ela adorava aquele momento mesmo

os dias que ouvia um som estranho

que mais lhe parecia samba miudinho

com estilo jazz.

Não sabia ao certo se era a voz dela ou

da literatura que por desejo seu ecoava

por toda a sala de aula. chegava a passar

devagar o som, como festa de pessoas bem

vestidas, eram palavras difíceis e

espetaculares.

Eu ouvi os tilintares dos copos como na festa,

enquanto sua mão deveria bater no quadro da

sala naquele dia, as vezes sentada em sua mesa

rabiscava e lembrava que tinha muito a se fazer até

a sexta feira a noite, vi seu sorriso alegre e fadigado,

e o sino mais uma vez tocava.

Seus olhos espelham-se a cor da grama fresca o

deserto também conseguiria os acompanhar,

apesar da aparência brutal como quem intimidava,

olhar fixamente nos olhos significa descobrir a

cor que tem a alma.

Como eu poderia chama-la?

Por não saber darei o nome do trejeito que mais

acho lindo. Sorriso!

Ela está além dali.

Despertava talvez nas madrugadas, mas nas

noites de domingo não, penso que nessa noite

era ela seu quarto e a mistura de jazz em samba

como o ultimo clássico de piano.

Tão tímida calada naquela sala tão miserável

de alunos tão carrancudos que a nova cidade

me trouxe não me encontro, eles parecem

velhos que enraizaram suas ideias fúteis ali,

pois quando o samba começa a tocar todos

não despertam nem estalam seus ossos duros

por se espreguiçar como quem quer também

entrar na dança.

Ainda assim corre solta para todos os lados as

palavras difíceis. E ela a olha de ponta-cabeça,

porque nesse dia vestia um vestido longo, e se

ela fosse esperta o bastante continuaria com

ele durante toda semana. Era folgado numa bela

estampa mesmo assim não dava para esconder

os seios fartos que ela tem.

Numa caixa onde guardava roupas e sapatos.

Tirei o par de sandália que ganhei da tia ha alguns meses,

uma blusa branca encardida, uma calça preta única.

Sempre em pressa com os passos descobre-se

que melhor que o seu sorriso são os abraços

como o som do pandeiro que aumenta a medida

do coração acelerado.

Mais se você é o sorriso o que eu seria?!

Talvez o sol que esta a pino no céu, o frio,

ou barulho estranho que tem essa cidade.

Adrielle Olivier
Enviado por Adrielle Olivier em 15/06/2014
Reeditado em 19/08/2014
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