Quereres...

Sabe o que eu queria? Queria comer quantas jujubas eu quisesse sem que me dissessem que vou engordar... que os que amam ficassem com quem se ama, sem que um idiota dissesse que não deveriam... que lasanha pudesse ser incorporada no cardápio escolar sem que fosse caro ou que fosse ruim para a saúde (porque lasanha é tudo de bom!!!)... que pudessem ser distribuídas caixas de lápis de cor, ao invés de caixas de remédios ou comida às crianças carentes... que não precisássemos protestar para que se fizesse valer nossas vozes... que tudo o que o Pedro Bial disse naquele texto impecável do protetor solar fosse seguido à risca... que o mar, de tão bom que é, tivesse ondas, mas fosse de água doce... que cada um se divertisse numa boia feita de pneu de trator... que ninguém tivesse sua infância roubada... que os adultos se sentissem crianças uma vez na semana, por prescrição médica... que desse uma reviravolta no mundo e os continentes se unissem novamente sem que nada se estragasse ( olha que massa seria!!!)... que os tubarões fossem vegetarianos, assim como as piranhas e moreias... que a Internet fosse boa em todos os cantos do mundo... que nenhuma ausência fosse atrevida... que o amarelo fosse a cor da estação... que eu não me cansasse tanto fazendo geladinhos e todo mundo que gosta pudesse saborear gratuitamente... que a minha penteadeira ou o balcão do meu banheiro fossem cheios de perfumes e produtos de beleza, para que minhas sobrinhas e noras pudessem usá-los sem moderação...

QUE AS PESSOAS QUE AMAMOS FOSSEM IMORTAIS... que fosse fácil conseguir um emprego, assim como é conseguir um sorriso... que não precisássemos gritar para sermos ouvidos... que todos pudéssemos utilizar água de boa procedência, que falássemos uma só língua... que os líderes fossem imparciais e justos, para que as nações fossem verdadeiramente fraternas... que pudéssemos andar nus, se quiséssemos, sem que isso fosse um choque geral! Que existisse o aplicativo para celular do abraço, já que não tem o do cheiro e do gosto, e pudéssemos abraçar quem ainda está longe... que nossos avós não se fossem: virassem apenas conselheiros numa terra aconchegante e pudéssemos ser ouvidos e ouvir a qualquer hora! Queria que as 'novinhas' aprendessem NOVOS e bons rumos (Pai do Céu! Elas serão as mães do futuro!)... que as crianças fossem ouvidas ao invés de espancadas ou mortas... que todos possuíssem um meio de locomoção e não houvesse acidente algum... que fosse lei plantar uma árvore... que os melhores presentes continuassem a ser os livros... que só houvesse uma crença e que ela fosse chamada apenas de DEUS (-Qual é sua religião? -Deus.)... que ninguém se importasse se o médico veio de Cuba ou de Cubatão: apenas vidas fossem salvas indistintamente!

Queria uma casa no campo ou na cidade, com cerquinhas brancas, flores, um gramado verdinho e o cheirinho de bolo fresco (como será a casa da Nane) ... que não precisássemos trancas as portas... que fôssemos livres de todo o mal (Amém!) e que o mal se tornasse obsoleto... que pudéssemos realmente ir e vir de qualquer e para qualquer canto... que esse texto não 'soasse' assim, ou assado... nem fosse tido como chato... que cada um tivesse direito às mesmas coisas, sem que fosse dito Socialismo, ou outra expressão... que o medo se torne coragem... que minha mãe tenha a paz que merece!

Queria poder ter todos os meus amigos presentes em minha formatura... que todos os meus amigos pensassem o mesmo e que eu estivesse presente em todas... que meu filho permaneça um homem maduro, com o caráter imutável, o coração gigantesco, as veias repletas de justiça, a luta nos pulmões e a retidão tatuada em seus pés! E o mais importante: queria que cada ser vivente sentisse Deus em seu coração e O levasse sempre consigo... assim, não seriam necessários tantos quereres: nem os meus, nem os nossos!

Enaira Viviane de Oliveira Sousa.