Levantar a bandeira?

Inicialmente, não. Tão direto assim? Infelizmente sim. Orgulho desse país? Por tantos motivos até conhecidos pelos brasileiros, que está quase a se tornar algo comum, como: corrupção¹ ativa, passiva, preditiva, lateral e outros adjetivos a mais que podemos inventar..., nesse momento, não sinto orgulho algum, definitivamente.

Hoje acordei (12.06.14), também ciente do primeiro jogo da seleção brasileira, e fiz-me a perguntar: “Tenho motivos para erguer a bandeira?” Subitamente e irredutivelmente a resposta foi: “Não!” Desde sempre estou relutante quanto a essa copa desnecessária e farei uma tremenda força p/ não assistir os jogos e não ficar por dentro dos fatos desse evento surreal. Por que estou tão áspero? Basicamente, expresso também aqui, essa frustração de um brasileiro consciente. Peço perdão por esse assunto tão deprimente caro leitor, mas os fatos negativos estão em números surpreendentemente superiores. Não existem linhas viáveis de esperança, concluo ceticamente. (A não ser uma grande reforma política e milhares de outras reformas, incluindo a familiar.) Reconheço, é cômodo dizer, alegar, apontar, compartilhar, que tudo está errado, destacar os erros, sim, admito, é cômodo. Mas, ao menos, é uma tentativa de apresentar e conscientizar as pessoas amigas ao redor de que poderíamos ser mais do que somos, como sociedade.

O fato que mais me choca é o quanto os brasileiros são hipócritas. Todos, basicamente absolutamente todos, sabem algo sobre as mais esdrúxulas proezas do governo, contudo, mesmo assim, vivem num pseudo estado cômodo e não fazem efetivamente nada de mais para melhorar nossa situação. Somente, sofrer... "A maioria dos homens vive uma existência de tranquilo desespero..." (Luiz Dantas, 2014). É lamentável assistir os brasileiros curtirem essa copa e a sublime gestão profissional competente e filantrópica da FIFA. (Y) Talvez o BraZil seja grande demais para ser administrado, nas condições atuais...

Nesta manhã (12.05.14) cheguei ao trabalho, fui cumprimentar o líder da empresa, um espanhol elegante, e lhes perguntei antes do bom dia: “Tens orgulho de vosso país?” Ele hesitou por breves segundo afim desenvolver mentalmente uma resposta digna de entendimento e afirmou: “Sim. Apesar de muitos pontos, sim, tenho orgulho.” Perguntei o principal motivo, e a resposta: educação e nível cultural. Isso p/ mim, seria o suficiente. Desenvolvemos a prosa matinal e aprendi com o mestre que quem faz o orgulho é a própria pessoa, independente das politicagens do período. Edificante, interpreto. Aprendi que, com uma atitude correta em prol de uma causa, fazendo uma parte, promovendo o bem, o melhor social, ensinando, promovendo pessoas e edificando vidas, eis formas de desenvolver o verdadeiro orgulho. Essa foi uma maravilhosa energizada.

Todavia ainda reluto a desejar: se o Brasil fosse campeão em qualidade de saúde, e/ou obtivesse um Nobel de educação, e/ou fosse um destaque em tecnologia, ética, forma de governo, etc..., definitivamente ergueria a bandeira sem hesitar. Teria então motivos. Teríamos qualidade de vida. P/ mim, esses são pontos de orgulho, também. Sinto que a sociedade sente falta do tri campeão Ayrton Senna²... Minha maior crítica é em relação ao governo do país, em seguida, a sociedade. Basicamente, desejaria que vivêssemos como uma sociedade melhor. Aqui, a brasilidade é vivaz... Lamentável? Talvez. Existem os pontos positivos do povo brasileiro, sim, certamente!

Contudo, no mais, nesse momento de minha vida, não tenho orgulho do meu país. Não sinto. Precisamos melhorar.

¹ “A corrupção social ou estatal é caracterizada pela incapacidade moral dos cidadãos de assumir compromissos voltados ao bem comum. Vale dizer, os cidadãos mostram-se incapazes de fazer coisas que não lhes traga uma gratificação pessoal.” Calil Simão

² “Uma maneira de preservar sua própria imagem é não deixar que o mundo invada sua casa. Foi um modo que encontrei de preservar ao máximo meus valores.” Ayrton Senna