Ser humano, ser displicente, ser profano…..

O ser humano é uma criação fantástica do universo, provido de uma complexidade sem precedentes (pelo menos no nosso planeta), onde a sua capacidade intelectual o permite promover desenvolvimento tecnológico e que os seus conhecimentos se perpetuem no tempo através da capacidade de memorização, socialização e aculturação. Não obstante todas estas características o ser humano é talvez a espécie que mais promove a desestruturação e destruição do nosso planeta e o mais irónico é que esta constatação se sustenta em base sólida por virtude no facto de nós sermos a espécie com maior visão estratégica, com melhor noção processual do passado, presente e futuro, pois temos a possibilidade de formular expectativas, todavia, a nossa lacuna tem que ver com a monitorização do desenvolvimento do ego desde tenra idade, onde a capacidade de empatia por norma fica negligenciada, logo, por si só o conceito sociedade (do latim: societas, que significa "associação amistosa com outros") fica progressivamente hipotecado. Sob esta temática poderia escrever imenso, no entanto, de forma sintética pretendo por ora dizer que o ser humano apesar de tudo é na sua essência expressividade e a arte nada mais é que expressividade, logo, o ser humano é sinónimo de arte, somos na nossa génese uma obra de arte da natureza, e é sobremodo importante desmistificar o preconceito associado ao elitismo da arte, pois esta última está em toda a forma de expressão do ser humano, seja quando as nossas avós cozinham com delicadeza, seja quando um camponês produz vinho de forma sublime, seja na forma astuta como um feirante cativa um freguês. No meu caso em concreto é a poesia que me preenche, é através dela que expresso o pluralismo de emoções que me invadem, a mescla de sensações que me assolam, o turbilhão de pensamentos que se cruzam com a minha alma, por isso digo com firmeza, tal como o nosso Pessoa que "não escrevo em Português, escrevo eu mesmo".