Talvez seja só mais uma fase ruim
Eu agora escrevo para o desconhecido.
Eu finalmente descobri o que é a saudade. É a prova de que algo foi bom, e a gente deixou ir. Eu descobri também que a solidão em si é muito relativa. Uma pessoa que tem hábitos artísticos, uma pessoa que gosta de música que gosta de ler, as vezes acaba sozinha. Mas e eu? Por que eu sempre tenho que acabar sozinha?
Quando eu acordei hoje de manhã, meu pensamento era completamente diferente. Eu estava acreditando com toda a certeza que as coisas mudaram, em mim, nele, em nós, em tudo que estava ao meu redor. Mas agora, nesse exato memento a coisa que está mais claro, é que sempre nos enganos. Sempre mesmo.
Eu estou torcendo para que eu não seja assim, perdida de novo, talvez seja só mais uma fase ruim não é? Talvez, apenas talvez.
Eu me lembro perfeitamente que há um pouco mais de um ano, eu comecei a escrever loucamente toda a confusão que estava sentindo. Eu coloquei em palavras toda a bagunça e a vazio que estava se passando aqui dentro. Mas, acredite em mim, eu estou pior agora. Bem pior.
Eu não consigo entender porque tudo tem que ser tão duro. Me chame de dramática, se quiser, mas eu só consigo ver a vida como algo que machuca os outros intensamente.
Intenso. Essa é a palavra. A palavra ideal para tudo, absolutamente tudo, que aconteceu. Eu estava desejando poder escrever nessas páginas palavras banais de como ele me fez feliz e como se me fez sentir amada. Gostaria de poder contar coisas clichês, mas no final de tudo... Tudo isso acabou, intensamente.
Eu sei que tem algo muito errado comigo. Digo, completamente errado. Acho que na verdade é tudo. Porque, novamente no final, as coisas sempre se voltam para mim. Eu sou a culpada. Eu fiz o erro. Eu tenho que abrir mão. E eu tenho que sofrer.
Sabe qual a verdade? A gente chora, supera, acha que aprendeu e faz tudo de novo. Eu tenho um dom natural de conseguir viver em círculos.
Da última vez que eu escrevi tão triste como estou agora, disse que estava me sentindo vazia. Lembra? Agora eu estou do mesmo jeito. É como se um pedaço de mim tivesse sumido.
Eu me lembro de dizer que o amor batia na porta, mas estava apenas de passagem. E não é que ele passou por aqui várias e várias vezes? Mas também se foi...?
A tristeza ainda está me perturbando, e agora sabe-se lá quando ela vai me deixar em paz. Eu estou pensando que talvez, depois de tudo que fiz, seja um pouco merecido esse meu sofrimento. Mas o dele? Ele nem de longe merece isso.
Dessa vez eu não estou indo embora atrás de mudanças e de novas chances. Eu não vou me transformar em alguém que não sou. Pelo contrário, dessa vez mesmo machucada e quebrada eu vou ser quem eu quero ser.
Dramática. Problemática. Chorona. Insegura. Sonhadora. Preocupada. Feliz e infeliz. E principalmente, complicada. Eu vou pensar no que aconteceu todos os dias, e vou me lembrar dele também. E vou continuar amando-o do pior e melhor jeito. Como ele mesmo disse.
E os detalhes dessa história mal contada, rasurada, rabiscada, cheio de erros que o tempo não levou, viraram saudade. Esse livro todo bagunçado que eu sou sempre terá páginas de “sinto falta”.
Para sempre. Me parece tempo demais. Tempo demais para lembrar. Tempo demais para arrepender. Tempo demais para sofrer. Porém, tempo demais, e suficiente, para tentar.
Tentar entender o mundo, os pensamentos, a tristeza perturbadora, o amor confuso, as partidas não terminadas, e quem sabe... Para me entender. Entender toda a reviravolta que estou sentindo, e toda a decepção que eu causei.
Mas eu tenho tempo. Eu tenho bastante tempo para isso. E eu vou me encontrar, ruim ou bem, eu não sei como vai acabar.
Para ser sincera, acho que já acabou.