Hora de um adeus

Eu fiquei adiando esse momento várias e várias vezes. Mas chega uma hora que não dá mais, e essa hora chegou. Hora de um adeus.

Sabe, eu sempre escrevi o que sinto. Mas hoje não estou sentindo nada... Não sei se é saudades adiantadas, se é alegria por estar indo embora para longe, ou se é tristeza por estar deixando tudo isso. Estou bem confusa na verdade. Mas para ser sincera perdi a certeza da minha vida há muito tempo.

Não sei mais dizer se sou aquela garota complicada ou a sonhadora. A primeira opção fica triste rápido e desanima fácil. E a segunda sonha alto demais, vive nas alturas e acaba, de um jeito ou de outro, acordando em um abismo de decepções.

Não sei se ainda gosto dele e muito menos se meu coração é tão machucado quanto antes.

Eu queria mudar. Me sinto tão perdida nesse mundo confuso, sem regras, e sem inclusão. Já não sei o que fazer. Às vezes tenho vontade de estar em um sono eterno/profundo, sonhar e sonhar, fugir das dificuldades, das críticas, da grosseria da sociedade. Sempre me senti fora do contexto. Literalmente, tropeçando pela vida.

E agora se ela tomou rumo? Eu realmente não faço ideia. Se eu continuo achando as peças desse grande quebra cabeça? Não mesmo. Elas se perderam ao longo do caminho, ao mesmo tempo em que mais dúvidas foram se formando na minha cabeça.

Futuro? Não sei se tenho um. Esperança? Talvez, já que sempre tive um pouco. Mas sinto que a pequena chama que resta dela se apaga mais e mais. Se antes eu dizia que minha vida estava se ajeitando, agora sei que ela não está. Eu acho que estava muito feliz por que como sempre fugi da realidade, tentei esquecer a vida real.

Falam que sempre temos uma segunda chance... Será mesmo? Todas as que tive eu errei. Foram em vão. Espero de verdade que agora eu possa fazer o correto.

Amor? Ele veio fazer uma visita recentemente. Mas o que irei encarar daqui a pouco, não sei se será com ele ou não. O amor é engraçado. Quando está finalmente instalado, decidi ir embora. Só estava de passagem.

Dor? Esse é o problema dela. Gosta de me atormentar... Sofrimento? Às vezes penso que eu tenho de sobra. Felicidade? Apenas alguns momentos. Ninguém é cem por cento feliz. Mas acho que no meu caso, não é nem metade.

Vazia. Sem emoções. Sem saber o que fazer, o que dizer. Apenas assentindo e torcendo para que isso seja o certo.

Ando pensando que eu sou um livro cada vez mais rabiscado, completamente cheio de erros, e cada vez mais rasurado.

Estou indo embora em busca de mudanças. De vida nova, e de parar de sofrer. Espero que funcione. Mas sei que por mais que tenha de esquecer, certas coisas não se vão.

Eu apenas não sei o que estou sentindo. A única coisa é que a algum tempo, de alguma forma, eu fui perdendo tudo que ainda podia dar brilho a minha vida. E quando tive a chance de me aproximar delas de novo, eu escolhi outro jeito.

Isso não foi o pior. O que mais errado, é que não apenas perdi esse brilho, eu aos poucos fui me perdendo. E não consegui achar o caminho de volta.

Luli Caccalano
Enviado por Luli Caccalano em 09/06/2014
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