Palavras de Outono

Por aqui muitas árvores desnudas do outono curvam-se a outras, vestidas de primavera. De quando em vez uma chuva fina anuncia a chegada quente do verão. O coração bate forte e descompassado, vítima de desconexas e ferinas palavras alheias, busca ar, respirar a vida com doçura. Cruel é o relógio do tempo exprimindo a realidade de uma liberdade falsa, atada pela necessidade do precisar que empoeira e desgasta a vida e de leve e sempre escorre por entre as mãos. Haverá um porvir? Seria fremente que a vida por se só já se bastasse por inteiro, que houvesse chances, que se quebrassem todas as amarras da fome e da pobreza. E talvez todas as árvores se vestissem de primavera ha seu tempo.