PENSO, LOGO EXISTO?
Se o mundo é o que percebo e, se quando estou dormindo não estou pensando e não percebo nada, então quando estou dormindo o mundo não é? Mas eu sou parte do mundo – será que sou mesmo? – e se, quando estou dormindo, o mundo não é, então eu também não sou. Se não sou, como posso estar dormindo? Ou acordada?
Então, será que posso dizer: “o mundo é o que percebo quando o percebo”? Ou: “o mundo é intermitente: às vezes o percebo, então ele é; outras vezes não o percebo, então ele não é”?
Mas o mundo pode continuar sendo para as outras pessoas que o estão percebendo. E aí já não será o meu mundo, será o mundo das outras pessoas, sem as minhas vivências.
Minhas vivências são um “mundo” à parte ou são parte do mundo? Se meu “mundo” for um mundo à parte, há tantos mundos quanto as pessoas que os percebem. Mas, se minhas vivências forem parte do mundo, então o mundo das outras pessoas (e o meu também) é incompleto, pois faltam as vivências de outras pessoas. O mundo é fracionário? Então, nunca haverá um mundo total do ponto de vista da pessoa, pois é impraticável que, num determinado momento, todas as pessoas estejam percebendo o mundo. Será? E se todas as pessoas dormirem ao mesmo tempo, o mundo acaba, desaparece, deixa de ser? E se incluirmos agora as pessoas que já passaram pelo mundo, e já se foram... E as que ainda virão?
Se eu tenho meu mundo particular, EU sou o mundo. Se “meu mundo” é parte do mundo, então nada sou, pois quando estou dormindo não percebo o mundo, mas ele continua existindo para outras pessoas.
O mundo é, independente de mim.