O DEUS QUE MORA EM MIM
Contemplei o nascer do sol em um dia frio
trouxe para mim os ares da manhã
com a gana de quem deseja mais uma vez
sentir o hálito quente do Criador, mais uma vez o seu fôlego de vida...

Acalmei meu espírito e colori de azul o céu que amanheceu cinza
podia ter-lhe dado qualquer cor, pois do mundo de meus sonhos EU SOU DEUS
mas respeitei as pinceladas da realidade, que nada mais é que o sonho de quem me criou...

Em meu ser enfadonha paz nasceu, um momento de silêncio para quem muito disse
a inércia de quem devorou tantas páginas e tantas outras escreveu...
O que se diz quando não se tem nada a dizer?

Na barra dos vestidos do criador é onde busco o revide de minha dúvida...
Sendo homem, partícula efêmera de carbono, não posso entender meu criador
mas como criatura sinto o seu chamado, e nesse silêncio não sei se o Senhor quer ouvir ou ser ouvido...

O complexo afugenta o homem do cálice sagrado do saber, pois muito conhecer é vacilar na fé...
Abençoados sejam os pequeninos, que de joelhos dobrados e mãos postas sentem-se amados
não precisam conhecer, contentam-se em sentir que são especiais...
Na sabedoria das estrelas dois caminhos se mostram para o ousado:
Ou irá conceber que nada é diante o tudo...Ou que é parte primordial do tudo que dorme misterioso no nada que não pode ser descortinado...

Abençoado quem não bebe do cálice dos sábios, pois a beleza existe na inocência dos olhos pidões de um cão, que insiste em latir mesmo que não seja compreendido... Sabe ele que não compreendemos seus ganidos e uivos?
Creio que não saiba, mas não se pode negar, sabe que assim deve proceder para chamar nossa atenção...

Insondável é a deidade que sonha comigo, então, eu que sou sua imagem e semelhança
no meu mundo de sonhos onde EU SOU DEUS eu também sou servo
dobro meus joelhos e de mãos postas rogo ao DEUS que habita em mim:
“Ensina-me a dançar no silêncio, pois as canções são repetitivas e cansam meu espírito, conte-me novas historias, pois os profetas são vazios de novidade...”
“O ciclo das águas são sempre os mesmos, e os poetas se perderam no lirismo da paixão...”
“sou um vazo cheio e já não me agrado dos óleos que tenho comigo, pois eu sei que muito mais há em ser desvendado...O tudo não é apenas este grande poema de uma letra só”

Já na realidade sinto-me um pouco mais próximo de meu Senhor, mas ainda não tenho o que dizer, pois no caldo das emoções a humanidade afoga-se por não saber falar o que pensa o Criador...Eu, que neste morredouro azul vivo, a minha nave de onde vejo as estrelas, apenas silencio...
No afã de que o Criador compreenda tantos olhos pidões voltados para os altos montes...
Que o sentimento sobrepuje as fugazes emoções...
Pois, se não posso traduzir o meu Senhor, como dizer que meu Senhor há de me compreender?
Falarei com ele no silêncio, talvez movendo-se em uma graciosa dança. No simples ato de fincar minha espada em solo onde terra e sangue apodrecido se misturam que contemple Deus o meu cansaço em ser o homem vaidoso dos ciclos repetidos e dos passos viciados!
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 06/06/2014
Reeditado em 06/06/2014
Código do texto: T4835144
Classificação de conteúdo: seguro