Debaixo d'água

Corro por estas quatro paredes que a lados nenhuns me levam, excepto ao pesado silêncio do mar, cujas ondas me engolem. Aqui não passo de um fantasma, espectro de uma rosa, sombra de uma sanidade senil.

Deixa que a maré me lavre a alma e arraste consigo incertezas de uma altura que perdemos no tempo. Vira-me as costas e deixa-me ficar no mar, onde não te atreverás a procurar-me. Pois o mar que eu tanto conheço está repleto de caminhos incertos. Caminhos esses que apenas eu consigo percorrer e nos quais apenas eu me posso perder.

Enquanto me aprisiono na minha nebulosa omnisciência, vou respirando debaixo de água, onde deixarei o teu nome marcado para nunca mais o esquecer.

Hugo Ricardo
Enviado por Hugo Ricardo em 05/06/2014
Código do texto: T4832973
Classificação de conteúdo: seguro