REFLEXÃO III

Já não há sentido

Nessa vida tosca

Que a gente leva

Levantar bem cedo

Enfrentar o frio

Gente espremida

Nesses coletivos

Comboio de gado

Indo ao matadouro

E agradecido

Por voltar vivo

No final da tarde

Com o corpo moído

E a alma partida

Já não há sentido

Nessa reza brava

Pra buscar um Deus

Que nos acuda

Nesse dia-a-dia

De incertezas mil

De um amanhã feliz

A morte está no final

Dessa trilha mórbida

A nos esperar

E, com lápide, sem lápide

Sermos enterrados

E as nossas vidas

Riscadas do mapa