A devastação ameaçando um paraíso.

O Despertar do Paraíso

Os primeiros raios de sol despontavam no horizonte opaco.

Um homem ainda jovem, mas com aparência de ancião, sentou-se na areia, onde costumava brincar na infância. Cruzou as mãos sobre os joelhos, e pensativo, lembrou-se saudoso da época em que aquelas praias eram tumultuadas, e ele, em meio a outras crianças, ali se divertia pulando as ondas... Fechou os olhos, e regrediu no tempo; memorizou seus gritos, e suas inocentes gargalhadas. Quando voltou a abri-los, uma dor imensa invadiu seu peito e as lágrimas escorreram por sua face enrugada. Seu mundo de sonhos e fantasias havia desmoronado. Enquanto olhava com os olhos embaçados pelas lágrimas, para as ondas poluídas, que vinham de encontro aos seus pés apertou o calcanhar na terra, e imaginou a insignificância do ser humano, perante a grandeza do universo.

Pensou na ganância e no progresso desordenado, que haviam afastado os homens das suas origens. Agora, as pragas e as doenças atingiam a todos: e em tenra idade, à morte os nivelava. Dos dias de glorias, restavam somente às lembranças.

As intempéries do tempo haviam fugido da compreensão do ser humano, e estava o destruindo. Não existia mais vegetação; o solo seco se rachava e os animais agonizavam. As cadeias continuavam superlotadas, e o índice de criminalidade crescia. Quando a chuva caia, sua acidez corroía; exterminando o que não havia sido destruído pela seca. Um imenso deserto se formava na superfície terrestre.

Amargurado o homem tentou respirar, mas se conteve, não conseguiu absolver o odor nauseabundo, exalado pelo oceano poluído. Maquinalmente levou uma máscara de oxigênio ao rosto... Respirou com sofreguidão, e entre lágrimas, murmurou chorando: - Paraíso encantado...

Era assim que seus ancestrais.

Referiam-se àquelas praias.

Há alguns tempos atrás.

Más, ao tempo que passava.

Não tiveram tempo de se queixar.

Pois o tempo indiferente.

Passou apressado a voar...

Autor independente:

Janciron

Janciron
Enviado por Janciron em 11/05/2007
Reeditado em 08/12/2023
Código do texto: T482689
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