O andarilho e seu sonho
O olhar que brilha a sua frente
Não é o da certeza de vida
Mas sim o da dúvida do vou ficar
É tão triste esse olhar, mas tão recorrente
Dizer adeus é um sentimento amargo
Queria poder viver o meu mundo do meu jeito
Andar nos meus próprios passos
Pois todas as perdas nos fazem incompleto
Deixam marcas e porquês
Seria mais fácil viver no agora do que no real
Poder prender cada segundo entre os dedos
No balé dos corpos que se acham e se entregam
Se perder nesses momentos
Onde não importa quem sou eu
Mas sim o próximo suspiro
Viveremos sempre no intervalo desse dia
Viveremos no bater do coração
E que a emoção guie os sentimentos
Que lutam entre si
Uns pelo sim outros pelo não
Nessa guerra onde só o eu que sai perdendo
Me entrego sem lutar
Pois o fim já foi selado
Em um acordo autorizado
Pelo medo de se machucar
Sabe a dor que faz casa em meu peito
É pequena diante da saudade do que se foi
Fechar os olhos e ver o tempo acabando
As areias na ampulheta da vida
A lágrima escorre sem ser convidada
Anunciando dias de trevas
Onde o que mais dói é a ausência
Tenta entender que é melhor assim
Mas que melhor é esse que me faz chorar
Se conforma pela sorte que teve
E até consegue sorrir ao lembrar
Pois são nas lembranças que encontra força
Para poder continuar a caminhada
Que já vem marcada com pedras no caminho
Conta os passos bem devagar
Uma nova realidade está logo ali à frente
Esperando o dia certo chegar
Será que é tão difícil assim escutar a razão
E aceitar os fatos além da escuridão
Perceber que o corpo chama
E se encontra em chamas
Desnorteado sem você
Sussurra loucuras nas sombras do quarto
Sente a falta do seu calor
Porque os caminhos não podem se cruzar
Será que me perdi em algum atalho
Que não vai me levar a lugar algum