Absorto
As mãos tremulam mas não caem,
O sangue ferve mas não te esquenta,
O coração bate mas não te movimenta,
A desvestir de tudo que te causa dor.
As palavras te acertam mas não te ferem,
As subidas cansam mas não te fadigam,
As paredes te fecham mas não te prendem,
Pois não há mais o que deva ser prendido.
O tempo passa mas não te mata,
O vento bate mas não te gela o corpo,
As ondam batem, e você, absorto,
Conta às estrelas que já anda morto.
As pessoas veem mas não se importam,
Você abre a janela e lhe fecham a porta,
O chão que era firme hoje se esvai,
E quanto mais existe, mais você decai.