Prostituir
Prostituir... Epa! Pode parar! Sim, essa expressão causa certo tempero imoral. Emana censura, ralho, horror, olhares espaventosos. Mas não digo, PROSTITUIR como modo de vida – na verdade é um cotidiano – mas sim no sentido leve. Sim, sim. Tem tênue sentido nessa expressão. Tênue só para quem não tem princípios, mas deixe dizer, o nexo não atrevido desta palavra é o travestimento da nossa sociedade.
Engana-se se pensa que falo das garotas enfeitadas que fazem ponto numa esquina pelos bairros do centro. Não. A prostituição, se não acreditam em mim perguntem ao Priberam, é a prioridade dos valores materiais às virtudes. Ah sim, agora parece que fez sentido, não? Pois é, quando aceitamos uma peita ou uma empreita vulgar estamos-nos prostituindo. Pois praticamos imoralidade por valores pré-estabelecidos. Isso não te lembra nada? IMORALIDADE POR VALORES PRÉ-ESTABELECIDOS! Não é exatamente o que uma garota de programa faz?...
Agora que chegamos ao ponto desejado, aquele de entendermos que a prostituição não é definição exclusiva para a tarefa das meretrizes, vou começar a evoluir para a âmbito complexo. Aquele que trata do que já disse, de que a prostituição é o revestimento de nossa sociedade atual.
Se na idade das trevas o corpo era objeto de sagrado conservo, hoje, podemos chamar de idade das luzes que cegam, pois acendem tanto que nada mais se vê. O corpo está à mostra. Por quê? Por vaidade. A torpe e consumista vaidade. Por onde andamos vemos corpos expostos como se vivêssemos na alameda da orgia bonificada. Onde isso está? A resposta é simples e ampla. Nos outdoors. Nos cartazes. Nas capas das revistas. Na hipocrisia da mídia capitalista. E o mais triste, está nas pessoas. O corpo está mostrando o que não deveria ser mostrado. Mas é normal, pois vivemos na era das regalias liberais. Tudo se perdeu.
‘‘ Não se engane com a beleza que te vendem, pois a contemplação é natural e bela dos olhos singulares de cada um. A beleza feita, é pública, a beleza natural, é única’’