MORTE EM VIDA
Todas as coisas que pareço gostar, na realidade são tendências que criei. Não tenho personalidade fixa.
O abraço é falso, por isso me abraço. Somente para não cair em braços alheios e morrer na solidão conjunta. Também gostaria de dizer que a arte é a coisa mais importante desse mundo. É mais importante que políticas públicas e copa do mundo.
Poesia é Alma. É o BIG BANG, é expandir e contrair ao infinito, pensar no simples, viver no simples. É erótico.
O resto é erro. Reflexões no espelho das sombras, paisagismo abreviado em meio ambiente clichê. Mau contato no fio do carregador, aumento de peso, dores nas costas e calo nos dedos.
Desespero mesmo é perceber o erro e notar que todas as coisas essenciais não passam de valores preestabelecidos que aprendemos sem vontade ou escolha. Medo é o mesmo que mandar autenticar em cartório seus documentos para enviá-los a um órgão que vai contra seus princípios, é vender alma para a mídia que alimenta o seu ego. Agir em ctrl c ctrl v, por receio de estar fora do trilho.
E eu escrevo tudo isso pra quem? Pra mim?
Ok, mas quem sou? –Definitivamente, não tenho resposta alguma. Sou apenas provocações. Sou um questionamento profundo. Uma oração ora poderosa, ora inválida. Pontuações errôneas, reticências enjoativas, exclamações exageradas e... Coragem. – Ah, me falta coragem, me falta tanta coragem, meu Deus!
Não sei se está é a palavra. Talvez, eu deva pesquisar melhor sobre palavras ou usar neologismos.
Não me preocupo com o destino dos meus escritos repartidos. Já não tenho mais a intenção de mudar o mundo. Sou como um ímã que vai atraindo todas as coisas que têm uma conexão consigo. Não tenho achismos, embora eu nunca saiba de nada. Não tenho agonia em me encaixar em gêneros ou pertencer a uma lógica de bons costumes. Também não quero ser o rebelde revolucionário, que cria textinhos vibe rock and roll ou pagar de pseudo-Cult porque leu por volta de quinhentos livros. A preocupação com o erudito me irrita. Qual o pobrema se eu escrever pobrema? Fica feio esteticamente e foneticamente? Tá, mas e daí? É isso que me faz uma pessoa melhor? Meu bom português? A quantidade de dinheiro que tenho? Os tipos de música que ouço? As roupas que visto? –Tenho medo de ser tarde demais quando todo mundo se der conta do tipo de mundo que estamos construindo. Tá muito chato viver, é por isso que meus iguais estão buscando tratamento psicológico cada vez mais cedo e é bem possível que o meu fim seja o suicídio, pois é preferível a morte inteira a morte em vida.