Um adeus aos robôs que respiram

Cansei de tantos clichês numa cidade só. Vou me mudar, só não sei para onde. Talvez Marte, Hogwarts, Wonderland ou qualquer lugar onde eu não tenha que deparar com esse pessoal 'igualzinho' de todo dia. Meus olhos não aguentam mais esta visão diária: pessoas fazendo o que não querem apenas para que sejam aceitas na sociedade. Garotas indo com seus namorados aos restaurantes mais caros quando tudo o que elas queriam era uma pizza de quatro queijos devorada numa sexta-feira qualquer (ouvindo música boa ou assistindo a algum filme idiota no sofá, de preferência). Garotos malhando o dia todo porque as garotas gostam dos musculosos. Pais trabalhando feito loucos para que possam comprar um novo par de Melissa e mais um monte de coisas fúteis para que suas filhinhas metidas (e, na maioria das vezes, burras) possam desfilar pela escola e pelo centro da cidade. Mães incentivando que suas crianças dancem funk. Pessoas dizendo 'eu te amo', sorrindo quando querem dar um tapa na cara de todo mundo e abraçando por abraçar. Ta aí uma coisa pela qual sou criticada: não gosto de abraços. Não é que eu seja uma monstra, acontece que eu acho que abraço deve ser uma coisa sincera e, algumas vezes, num momento especial. Mas, voltando ao foco anterior, eu cansei de tudo isso.

Quero as pessoas de verdade novamente. Quero escolher o sabor da pizza, não alguma coisa de nome quase impronunciável naquele restaurante indiano (ou italiano, francês, alemão, enfim!) que todo mundo diz que é o melhor. Quero andar na rua e deparar com pessoas diferentes ao invés de esbarrar em criaturas igualmente musculosas e horrorosas. Quero a geração do All Star surrado e da personalidade própria, não da Melissa com cheirinho de chiclete (nada contra quem usa Melissa, acontece que a maioria usa apenas porque é moda) e camisetinha da Hollister. Quero ouvir crianças cantando e dançando coisas para crianças (mesmo eu odiando a Chatinha... ops, Galinha Pintadinha). E, principalmente, não quero o 'eu te amo' de novela mexicana. Quero o abraço de verdade, olhos brilhando, coração batendo rápido e uma declaração de verdade (que não precisa ser 'eu te amo'). Eu quero a geração que tenha você, afinal, só um louco para concordar com a minha ideia louca de mudar o mundo. Topa fugir comigo? Ainda não sei para onde, mas é melhor irmos logo. Diz a lenda que os sonhos acabam quando nós menos esperamos.

Lillian Cruz
Enviado por Lillian Cruz em 16/05/2014
Código do texto: T4808995
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