A IGREJINHA


Trata-se de lembrar tantos momentos. Na varanda enorme, de plantas por todos os lados, mal se vê quem passa na rua. Mas se ouve o sino da matriz em seu triste canto das 6 da tarde. E os ruídos dos passos do povo em direção a pequena igrejinha – que será demolida anos mais tarde, dando lugar a um quase sepulcro gigantesco, sem nenhum encanto, sem nenhum anjo que lhe confira a graça, a beleza, a magia da velha igrejinha demolida. 

Por onde andarão os sacristãos, os sacerdotes, e todas aqueles paramentos lindos que a menina amava? – onde ficou aquele bosque ao lado da igrejinha, onde brincava de esconde-esconde nas noites quentes e enluaradas? O tempo passou tão rápido, comeu tudo, devorou tudo, inclusive as lembranças, mesmo as mais doces, as mais ternas.

O que é eterno não é o cálice do sacerdote, o altar, suas vestes, os arranjos... nem as suas falas. É a igrejinha  construída  no coração.

 
Lúcia Constantino
Enviado por Lúcia Constantino em 16/05/2014
Reeditado em 16/05/2014
Código do texto: T4808913
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