LENDA URBANA

Para ser absorvido pelas cidades

Visto-me tal qual a sociedade

Desencrespo meus cabelos rastafari

Afino Meu nariz de pipoca, lábio carnudo agora é moda

Mas sinto na pele a desigualdade dessa paridade

Sou escolado cursei até mesmo faculdade

Tenho doutorado e mestrado

Advogado, dentista ou economista

Gosto de capoeira, mas me vêem apenas capoeirista

Dirijo um carro do ano e freqüento bons restaurantes

Porém confundem-me com o garçom ou manobrista

Pior ainda quando à noite faço Cooper, sou punguista

Tenho a invisibilidade de algum artista nos serviços

Gerais de alguma novela sem época de nossa tv.

Preconceito racial no Brasil não existe diz a mídia

Afligi-me este fantasma dos grilhões, essa lenda urbana

Que velada se esgueira por entre as esquinas da selva de pedra

Essa alma branca que insiste em suplantar meu espírito negro.