A vidraça
E o que dizer quando você sente que nada ao redor faz mais sentido?
Quando você enxerga sua vida desmoronando na sua frente e escorrendo por dentre seus dedos?
As minhas mãos estão amarradas, e você não consegue salvar nem mesmo a própria história? As páginas da minha vida vão embora com a ventania, molhando na tempestade que outra hora estava apenas batendo fortemente na vidraça da minha sala.
Como em um piscar de olhos meus pensamentos surtam sem ao menos avisar, me deixando extremamente apavorada, olho para o lado e só vejo multidões de telespectadores sem coração.
Trancada dentro da solidão não me resta nem mesmo a minha sombra para me dizer que as coisas irão melhorar, e vozes de lembranças que sopram em meu ouvido dizendo que jamais estaria sozinha, foram as primeiras a me lançarem pedras quando tiveram a chance de me ver indefesa.
Para onde eu poderia ir sem tropeçar nas milhares de pedras nessa escuridão? Para onde eu poderia ir? Para fugir, para me esconder? se os meus demônios me perseguem mandando eu me lançar das alturas?
Não me restou ninguém com o passar dos anos, perdi todas as esperanças e nem mesmo nos meus sonhos noturnos tenho encontrado os meus super heróis.
Novamente estou debaixo da tempestade que veio de longe, a mesma tempestade que batia na vidraça da minha sala.