Concepção de Adaptação e Influência - Teoria sobre a aprendizagem
Concepção de inatismo, empirismo, construtivismo e adaptação e influência: quatro ideias sobre a aprendizagem
Platão, Aristóteles, Jean Piaget e José Meireles pensaram em diferentes concepções sobre a aquisição dos conhecimentos.
Seja bem-vindo a uma investigação que já dura mais de 2 mil anos e não tem data para acabar. Em torno das indagações que ela provoca, estudiosos das mais diversas áreas de conhecimento humano gastaram toneladas de saliva, montanhas de papel e enorme esforço intelectual. O desafio de dois milênios pode ser resumido em duas perguntas: como o ser humano aprende? E como criar as melhores condições possíveis para que o aprendizado ocorra na escola?
Inatismo, o saber congênito
A busca por respostas começa na Antiguidade grega, com o nascimento do pensamento racional, que busca explicações baseadas em conceitos (e não mais em mitos) como uma forma de entender o mundo. Para os primeiros filósofos, a dúvida consistia em saber se as pessoas possuem saberes inatos ou é se possível ensinar alguma coisa a alguém.
Platão (427-347 a.C.) firmou posição a favor das ideias congênitas. Defendendo a tese de que a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento, o discípulo de Sócrates (469-399 a.C.) afirmou que conhecer é relembrar, pois a pessoa já domina determinados conceitos desde que nasce.
Chamada de inatismo, essa perspectiva sustenta que as pessoas naturalmente carregam certas aptidões, habilidades, conceitos, conhecimentos e qualidades em sua bagagem hereditária. Tal concepção motivou um tipo de ensino que acredita que o educador deve interferir o mínimo possível, apenas trazendo o saber à consciência e organizando-o. "Em resumo, o estudante aprende por si mesmo", escreve Fernando Becker, professor da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) no livro Educação e Construção do Conhecimento.
Mesmo que a noção de aprendizado como reminiscência não encontre eco na ciência contemporânea, algumas ideias inatistas ainda pipocam nas salas de aula. Para o bem e para o mal: se por um lado é interessante levar os alunos a procurar respostas para suas inquietações com independência crescente, por outro é lamentável que muitos docentes sigam explicando o baixo rendimento escolar de certos estudantes (sobretudo os de "lares desestruturados") porque eles "não têm habilidade para aprender".
Inatismo
Precursor: Platão (427-347 a.C.)
Defende que as pessoas nascem com saberes adormecidos que precisam ser organizados para se tornar conhecimentos verdadeiros. O professor só auxilia o aluno a acessar as informações.
Trecho de livro comentado "Mas o deus que vos modelou, àqueles dentre vós que eram aptos para governar, misturou-lhes ouro na sua composição, motivo por que são mais preciosos; aos auxiliares, prata; ferro e bronze aos lavradores e demais artífices." Platão, no livro A República Comentário - Platão diz que o homem nasce com certas características físicas e que elas justificam a posição social de cada um. Ser apto a governar ou trabalhar como auxiliar é resultado de uma vontade divina. Não se considera nenhuma possibilidade de mudança.
Empirismo, a absorção do conhecimento externo
Aristóteles (384-322 a.C.) apresentou uma perspectiva contrária à de Platão (como se vê no quadro resumo, abaixo). Segundo ele, embora as pessoas nasçam com capacidade de aprender, elas precisam de experiências ao longo da vida para que se desenvolvam. A fonte do conhecimento são as informações captadas do meio exterior pelos sentidos. Ideias como essa impulsionaram o empirismo, corrente favorável a um ensino pela imitação - na escola, as atividades propostas são as que facilitam a memorização, como a repetição e a cópia.
"Os empiristas acreditavam que as informações se transformam em conhecimento quando passam a fazer parte do hábito de uma pessoa", explica Clenio Lago, professor de Filosofia da Educação na Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), em São Miguel do Oeste. Absorvidos tal como uma esponja retém líquido, os dados aprendidos são acumulados e fixados - e podem ser rearranjados quando outros conteúdos mais complexos aparecem. A mente humana é definida como uma tábula rasa, um espaço vazio a ser preenchido. "A criança é comparada à água, que pode ser canalizada na direção desejada", diz Lago.
Nos séculos 16 e 17, em plena Idade Moderna, essa perspectiva ganha força com filósofos como Francis Bacon (1561-1626), Thomas Hobbes (1588-1679) e John Locke (1632-1704). Do ponto de vista dos empiristas, caberia à escola formar um sujeito capaz de conhecer, julgar e agir segundo os critérios da razão, substituindo as respostas "erradas" absorvidas no contato com diversos meios (a religião, por exemplo) pelas "certas", já validadas pelos acadêmicos por seguirem os critérios científicos da época.
Apesar dos séculos de distância, o fato é que algumas práticas empiristas seguem presentes no dia a dia das escolas. "Até hoje, o conhecimento é visto por muitos como um produto que pertence ao professor", explica Becker. Os especialistas formulam outra crítica à corrente: nem sempre ideias simples dão elementos para compreender as mais complexas. Dito de outra forma, não basta acumular informações para aprender.
Empirismo
Precursor: Aristóteles (384-322 a.C.)
Sustenta que o conhecimento está na realidade exterior e é absorvido por nossos sentidos. O professor é quem detém o saber. O aprendizado é obtido por meio da cópia, seguida de memorização.
Trecho de livro comentado = "As virtudes, portanto, não são geradas em nós nem através da natureza nem contra a natureza. A natureza nos confere a capacidade de recebê-las, e essa capacidade é aprimorada e amadurecida pelo hábito." Aristóteles, no livro Ética a Nicômaco.
Comentário
O autor critica o inatismo, chamando a atenção para o fato de que não é a "natureza" a responsável por nossos saberes (no trecho, chamados de "virtudes"). Para Aristóteles, os conhecimentos são absorvidos como resultado da prática - quando se tornam hábito.
Construtivismo, a tentativa de caminho do meio
Com inatismo e empirismo apontando para lados opostos ("O saber está no indivíduo" versus "O saber está na realidade exterior"), o século 20 nasceu com uma tentativa de caminho do meio para explicar o aprendizado: a perspectiva construtivista. De acordo com essa linha, o sujeito tem potencialidades e características próprias, mas, se o meio não favorece esse desenvolvimento (fornecendo objetos, abrindo espaços e organizando ações), elas não se concretizam.
A presença ativa do sujeito diante do conteúdo é essencial - portanto, não basta somente ter contato com o conhecimento para adquiri-lo. É preciso "agir sobre o objeto e transformá-lo", como diz Jean Piaget (1896-1980) (leia o quadro abaixo). Foi o cientista suíço quem cunhou o termo construtivismo, comparando a construção de conhecimento à de uma casa, que deve ter materiais próprios e a ação de pessoas para que seja erguida.
Embora seus estudos não tenham sido feitos para aplicação em sala de aula - por isso, é um equívoco falar em "método construtivista de ensino" -, suas teorias inspiraram as obras sobre Educação popular de Paulo Freire (1921-1997), sobre Matemática de Constance Kamii, sobre ética de Yves de la Taille e sobre a psicogênese da língua escrita de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky. Nas últimas três décadas, elas também têm influenciado investigações nas chamadas didáticas específicas de cada disciplina.
Pela concepção construtivista, o professor deve criar contextos, conceber ações e desafiar os alunos para que a aprendizagem ocorra. "O conhecimento não é incorporado diretamente pelo sujeito: pressupõe uma atividade, por parte de quem aprende, que organize e integre os novos conhecimentos aos já existentes", escreve Teresa Mauri em O Construtivismo na Sala de Aula.
É claro que nem tudo cabe debaixo do chapéu do construtivismo. Entre os mal-entendidos, um dos mais comuns é considerar que o professor construtivista não apresenta conteúdos nem orienta seus alunos. "Professor que não ensina não é construtivista", afirma Becker. Para que haja o avanço dos alunos, o docente precisa tomar muitas decisões: considerar as demandas da turma, propor questões e desafios e pensar formas de promover ações que gerem aprendizado. "O educador deve dominar sua área e conhecer os processos pelos quais o aluno aprende os mais diferentes conteúdos", diz.
Ao pesquisar a maneira como a criança pensa, Piaget chamou a atenção para o papel da interação para explicar como o conhecimento se origina e se desenvolve. Por essa via, aproximou-se de pesquisadores como Lev Vygotsky (1896-1934) e Henri Wallon (1879-1962). Embora os registros históricos indiquem que Wallon e Vygostky não conviveram diretamente com Piaget, são muitos os pontos de contato entre o construtivismo piagetiano e a perspectiva defendida pela dupla, o sociointeracionismo. Segundo ela, o processo de aprendizagem se dá pela relação do aprendiz com o meio (ambiente familiar e social, professores, colegas e o próprio conteúdo). Você conhece mais detalhes sobre as duas perspectivas nas próximas reportagens da série.
Construtivismo
Precursor: Jean Piaget (1896-1980)
Estabelece que a capacidade de aprender é desenvolvida e construída nas ações do sujeito por meio do contato ativo com o conhecimento, que é facilitado pelo professor. Trecho de livro comentado
"Pensar não se reduz, acreditamos, em falar, classificar em categorias, nem mesmo abstrair. Pensar é agir sobre o objeto e transformá-lo Jean Piaget, no livro Problemas de Psicologia Genética
Comentário
Citando características do pensamento científico clássico (enunciação, classificação e abstração), Piaget afirma que o aprendizado necessita também da ação de quem aprende (formulando hipóteses para entender o objeto de conhecimento, por exemplo).
José Meireles
A concepção de adaptação e influência.
Influência de adaptar-se está voltada para o ambiente que se vive, ou mesmo é acondicionado a viver. A história conta que o homem, um dos animais habitante deste planeta, mas diferenciado por possuir inteligência racional, está em um constante processo de desenvolvimento mental e sujeito a transformação não da forma humana, mas da maneira de pensar que se modifica a cada momento pelo ambiente em que vive. Este pode ou não ser o fim de todas as concepções, vista abordar que mesmo sendo possuído de corpo orgânico a capacidade mental vai além do mundo materialmente falado, pois a mente em sua vastidão, traz em seu três divisores (consciente, subconsciente e inconsciente), um campo de possibilidades infinitas. Em todos os fatores e meios o homem tende a se adaptar, porem está adaptação é influenciada pelo meio ambiente aquém ele se encontra, sua mente busca em primeira instancia a adaptação por meio destas influencias para fazer-se parte do meio e depois sai a procura de mudanças, cuja quais tende a criar novas formas de pensar. Um dos princípios da verdade está ai, pois se assim não fosse, se o homem dotado de inteligência e razão, não pensasse diferente do meio em que foi criado ao se adaptar, e não contrariasse as influências deste meio adaptado, nós ainda estaríamos vivendo em um mundo totalmente original, ou seja, na era das cavernas. Então a concepção de se adaptar, ou influência, vem esclarecer que diferente das outras, a concepção da adaptação e a influência, traz ao homem o conhecimento do meio em que vive, pois é preciso aprender a se adaptar ao meio e demais precisa se adaptar ao estilo de vida, contudo este pode não se adaptar por completo, assim, a partir de uma nova concepção de o pensar, ele altera o meio, ou procura uma nova forma de progredir suas forma sustentável, desta forma nunca voltará a sua forma original, pois estará sempre e constantemente em mudança.
O real é que o homem é um produto da adaptação e influencia, continuamente moldado conforme a formação e criação que recebe, e agregamos mais o meio em seu ambiente, que lhe dá os primeiros ensinamentos, os valores, as regras, as formas de agir e pensar, os primeiros passos de uma vida que pode ser a mesma com sua adaptação e influencia, ou completamente alterada, a partir do momento que sua mente busca algo novo e inovador.
Tenhamos em mente que a formação do indivíduo, seu caráter, princípios e crenças se dá pelo conjunto de fatores externos que nos são passados e podemos participar.
A adaptação e a influência proporciona estímulos e condiciona o homem de forma direta afetando sua forma de ser e pensar, sob a concepção influencia. Controla as ações, desde a maneira como se alimenta, anda, fala, veste, senta. Obriga a adaptar-se nos relacionamos e tratamos no ambiente em que vive, seja preservando, destruindo ou ainda sendo imparciais diante dos acontecimentos
Esta teoria busca em sua integra mostrar que um muro de mentiras foi construído em cima do alicerce de onde se encontra a verdade, sua inspiração vem antes da criação da filosofia empirista onde a experiência é a fonte de conhecimento.
A teoria concepção de adaptação e influência, pode ser comparada as outras, pois se torna um conjunto de tudo. Não atribui nada exclusivamente a não ser a forma de pensar a partir de uma concepção diferenciada da mente humana que tem um desenvolvimento constante e de pontos de vista diferente, um do outro. Ela não se preocupa em explicar as mentiras das diversas formas de características humanas, privilegiando a experiência como fonte de conhecimento e de formação de hábitos de comportamento; apenas explica os comportamentos que se tem o homem através de sua adaptação e influencia que observamos quando a quem se destina a educação, não despreza aqui a análise de outros aspectos da conduta humana que traz em sua origem a forma de: o raciocínio, desejo, imaginação, sonhos, sentimentos, fantasia entre tantas outras diversas formas de pensar que entre outros é diferenciado pelo amor e ira. Defende apenas que a superioridade do homem vem de sua forma livre de querer se sentir livre de uma prisão que ele mesmo se adaptou a viver.