Ontem, ou tens.

De repente à casa torna, quem dali foi, mas nunca saiu. Como um abraço esperado, mas diferente, sem calor, amor ou ternura, apenas um aperto, sufocante, tal qual asfixia. Cantava em versos, pausados, soluçantes, molhados e sombrios. Era a dor da eternidade de um amor que foi perene, foi o surto mais pacato de um senil adolescente. Se controversos forem eles, que de tão profundos se fazem rasos, tão leves foram seus beijos, mesmo que para mim, hoje, sinta-os pesados. Sua vida começou ontem, de tantos "ontens" retrasados, movidos, esquecidos, vividos, ontem, passado. Do teu olhar intimidado, de todo dissabor experimentado, um quê meu instalado, o por pouco vivenciado, a parte do ontem não fixado, aquele que por você ainda é guardado. Tens-me sem ter, mesmo com poder, por que guardas em mim você. Do ontem, longe sentido, a gente era, nós, atados, e mesmo que separado, hoje, nós somos ligados. Ponta à ponta, ponderados em desequilíbrio, descoordenados em sintonia, a gente, em nós.

FauS
Enviado por FauS em 11/05/2014
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