Homens magoados, ou sobre o pilar da violência*

Homens que vivem aos prantos. Queixam-se de tudo. Queixam-se do pesado labor diário e da falta deste em momentos de lazer; queixam-se da ausência de amor e de sua constante presença; queixam-se da ausência do Estado, mas não se esquecem de censurar as políticas sociais afirmativas; queixam-se dos acordos escusos entre os poderes estatais, mas não se esquecem de barganhar alguns benefícios para sua classe.

Tudo indica que esses queixosos, ultimamente, cansaram de gemer e decidiram partir para um contato mais direto, sincero e frontal com aquilo que julgam ser a causa de todas as manchas de sua roupa branca de pureza.

O resultado de sua (re) atividade não poderia ser outro: poças e mais poças de sangue espalhadas pela cidade; corpos ensanguentados, desfigurados, exibidos como glória à sua mediocridade, sem o menor constrangimento; sangue de outros membros da comunidade que não puderam alegar “o amor ao próximo”, pois estavam sendo ferozmente doutrinados.

Quem são esses indivíduos? Não os vê? Diuturnamente eles se fazem presentes, doutrinando “in nomen est veritas”, se adjetivando como portadores de vestimentas irrepreensíveis. Não está claro? Afinal, seu adjetivo preferido é “bem”.

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*Pode-se considerar o termo brutalidade como mais eficaz.