Mesmo sem ser.

Nunca foi amor, mas de tanto insistir, se tornou, mesmo sem ser. Não era um exato querer, não queria, só quis ter, mas não para ser. Eu via, sem ver, que era só fogo de palha, fogo sem acender, lenha molhada, mas ainda dava para aquecer. Batia desritmado, mas com sincronia, tal qual barulho para o surdo, mudo a gritar, telefone sem linha. De perto, teu corpo me arrepia, sem frisson, sem desejo, um não querer, queria. Negava dizer que te amava, acreditei, amei, não, a verdade? mentia. Foi amor, de tanto insistir, enjoou, mesmo sem ser.

Confundi os traço, juntei os laços, embaralhei sem querer. Me fiz de boba, sonhei a toa, mesmo sem ter. Eu sei o que eu queria, mas o que eu não sabia é o quanto custava ter. Juntei os cacos, me refiz em pedaços e dei pra você. Me resta a espera, corroendo por dentro justo por não saber, se quando voltares será com verdades, razão do meu querer.

Flávia Santana

FauS
Enviado por FauS em 09/05/2014
Código do texto: T4800807
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