Pela diversidade dos conceitos
A vida não vale nada na guerra. E nós estamos em guerra, pois a vida em si é uma guerra. Uma guerra contra a fome, a doença, a angústia e a morte. Uma guerra perdida, sejamos sinceros. Mas, terá sido sempre uma guerra, a vida? Terá sido, sempre, esta luta contra o quê, exatamente? Um misterioso destino, tão certo e tão duvidoso? Pois a única certeza é ela, a inimiga da vida, a sempre vitoriosa e obscura. Ou é a própria vida que nos mata? E a morte talvez nos liberte, cedo ou tarde demais, da incerteza que é a vida? Quem sabe? Estive vendo antigas filmagens dos campos de concentração nazistas, Mauthausen, Dachau, Bergen-Belsen, entre outros. Os corpos magros, como pilhas de lenha emaranhada, em terríveis montões em preto-e-branco, sendo recolhidos pelas pás dos tratores, arrastados para as valas, monturos inertes de vazios humanos. E tudo aquilo o resultado de uma ideologia cega. Pensei então que nossos espíritos também morrem à míngua, atualmente, nesses campos de concentração ideológicos que são as orientações religiosas, políticas, sexuais, trabalhistas, acadêmicas, qualquer tipo de inclinação que convirja para a penúria da exuberância que é a especialização, o diploma, o estéril professar de uma crença. A vida só se transforma nessa guerra perdida quando escolhemos um lado. Porém acredito que não tenhamos, necessariamente, que optar por um lado pelo qual lutar. Não apenas um único, sufocante, claustrofóbico lado. Há que se lutar, sim, mas em todas as frentes, pela diversidade dos conceitos.