EPITÁFIO DA SAUDADE
"Confesso que, as vezes chorei calado, às vezes me calei chorando, e sempre escondido, pois eu não poderia fraquejar perante os outros; às vezes, agredindo para não ser agredido, quando na realidade eu queria apenas conforto. E quantas vezes fui covarde (quem realmente me conhece, sabe do que falo) quando eu só queria ir adiante, fazer o que o medo me tirava. Nessa vida, queria eu ter coragem de tirar os espinhos de meus pés, sem qualquer tipo de ajuda, ter coragem para assumir meus sentimentos sem ter medo de não ser reciproco, sem criar barreiras de autopreservação ou questionamentos íntimos. E quem sabe ter coragem de submeter-me ao fato sem ter medo da rejeição. Admito, por um longo tempo, até então, e até o fim, sentirei falta daquilo que julguei genuinamente minha, e não dos “outros”, um vazio por dentro, um frio que percorre minha alma, a falta dos tempos passados."