OUTRO SENTIDO
Solto nos ares o azedume que me consome
Bulo com as estrelas, cutuco as cepas da noite
O beijo que foi negado rompe o selo dos anseios
No estranho soluço que sopra no vento soturno
Minha alma devassada se retrai atordoada
Cega-me a luz que incide nos seixos
Sonatas suaves se espalham pelo ar
E ainda rolam pelos relvedos da várzea
Um pássaro sem rumo sobrevoa meu céu
Seus grasnados riscam as teias invisíveis
Por onde passa o cortejo do meu desespero
E o carrossel das aflições sem controle
Por isso cismo sobre os sóis que me cercam
Desaguam em mim o rio morto dos desejos
Agora sou um estuário dos sentimentos liquefeitos
Que me espalham por caminhos desconhecidos!