OUTRO SENTIDO

Solto nos ares o azedume que me consome

Bulo com as estrelas, cutuco as cepas da noite

O beijo que foi negado rompe o selo dos anseios

No estranho soluço que sopra no vento soturno

Minha alma devassada se retrai atordoada

Cega-me a luz que incide nos seixos

Sonatas suaves se espalham pelo ar

E ainda rolam pelos relvedos da várzea

Um pássaro sem rumo sobrevoa meu céu

Seus grasnados riscam as teias invisíveis

Por onde passa o cortejo do meu desespero

E o carrossel das aflições sem controle

Por isso cismo sobre os sóis que me cercam

Desaguam em mim o rio morto dos desejos

Agora sou um estuário dos sentimentos liquefeitos

Que me espalham por caminhos desconhecidos!

Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 07/05/2014
Reeditado em 27/08/2016
Código do texto: T4798275
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