Percepções
E de repente me deparei na varanda, com o vento despenteando meus cabelos e trazendo uma estranha sensação na alma; me pareceu ser um vazio, mas que situação antagônica, quando em meus pensamentos não cabia mais uma só palavra, um mínimo raciocínio ou apenas uma voz tentando me explicar alguma coisa.
Olhando para o céu, distraidamente, notei que a estrela com brilho avermelhado, justamente aquela que instiga o meu olhar e minha contemplação todas as noites, havia mudado de lugar e, num devaneio inquieto de um cérebro cansado, me peguei pensando na imensidão do universo e em como deixamos passar despercebidas coisas rotineiras e que aprendemos desde pequenos, como o constante movimento dos astros.
Eu só queria alguns minutos de ar puro, de liberdade para o pensamento, de movimento para o corpo e, sem querer, me senti sozinha, senti a complexidade do universo e que diante de tanta atividade, mesmo com o corpo dolorido e a mente cansada, depois de um árduo dia de trabalho e estudos, impossível me abstrair das palavras, uma vez que é com elas que passo meus dias, é nelas que encontro o refúgio, é por meio delas que minha alma se acalma e me faz compreender o quão insignificante somos neste anoréxico e prolixo mundo.