Sou
“Sou o vento que foge duma bexiga estourada, ora aprisionado e contido por paredes insignificantes e covardes; sou a terra preta encrustada nos calcanhares de um menino pobre e descalço; sou o nó da cana doce que cresce num quintal qualquer dessa Bahia; Sou o capim-santo que se ferve n’agua suja, sou chá de boldo que amarga e cura, sou açúcar com farinha numa cumbuca, sou nódia na camisa encardida, sou o sal na manga verde e merthiolate na ferida semiaberta, sou palavras nos alhares mudos, sou a nica que tilinta num prato de alumínio na feira do São Caetano, a bengala do cego, torno-me, neste dia, a sirene que anuncia o recreio, chamando-te para fora”.