Possas d´água
Hoje não tenho fé, nem religião, tampouco dinheiro
Troquei meus últimos centavos , por cigarros
Outros dias que tive a fé, de joelhos esperei , pelo sinal divino
e de uma forma brusca, me lancei ao chão ,sem poder atravessa-lo
e ali no chão , tinha vida , tinha sim .
Senti o cheiro do asfalto e o bafo da fome, que brigava entre intervalos
de saliva e tosse seca, me encontrei poucos metros a frente , num reflexo
numa possa d´água , ali pude ver um mar abaixo de mim, e quando olhei para o céu , não me senti mais vivo, vendo todo aquele azul do dia , e pensei... refleti... o céu... a lua... Olhe essa lua, como uma unha na garganta do céu, que aos poucos se engasga e tosse esse vento sobre mim, como posso estar pobre , com tanta riqueza que me cerca?...
Olhei de volta para o chão, mais de pé me mantive , pulando os vários universos , de céu em céu.
No meio fio da vida é onde me encontro , entre o bem e o mal , o amor e o pecado entre um caminho sozinho, ou na multidão despercebida e arrivista , onde os olhares duram apenas segundos sobre mim.