ADEUS....

Da janela do quarto observava um ponto qualquer no infinito. A noite, o vento frio, a demora, já me diziam tudo. Seus olhos fixos nos meus, os lábios cerrados sem o menor indicio de um sorriso, o silêncio simplesmente inquietante, sufocante. As palavras, as lembranças de um passado bom gritavam dentro de mim, quis dizer que ainda era EU ao seu lado, que continuávamos sendo NÓS. Mas seus lábios cerrados ... Sim, já dizia tudo... O dia amanhece, a chuva fina teimava em cair dando um ar melancólico àquele momento que seria o último. Seus olhos fixos nos meus e ao mesmo tempo assustadoramente distantes... De repente outra voz ecoa dentro de mim, sinto um arrepio percorrendo meu corpo. Não fui capaz de pronuncia-la, mas eu sabia, nós sabiamos que ela deveria ter sido dita naquele exato momento: ADEUS... Não dissemos, não pude te dizer. Deixamos que o mesmo silêncio sufocante preenchesse o espaço da despedida. O Adeus que não pode ser dito certamente fere mais do que qualquer outra palavra... A saudade mais dolorida é aquela que carregamos sem poder compartilhar com quem é o motivo dela...

Débora Brandão
Enviado por Débora Brandão em 05/05/2014
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