O homem convicto e seus meios.

É fascinante notar como um título acadêmico e uma profissionalização atuam na personalidade de determinados indivíduos. Aflora, ou melhor, torna-se rebuscado um dever cívico de doutrinar, lecionar, edificar tudo e todos; nada escapa ao seu sacrossanto exercício judicante.

A sua atividade judicante não é autorizada por nenhum sistema legislativo, tampouco encontra páreo com nenhum sistema jurídico. A sua atividade possui natureza de outra ordem, vem de um lugar mais distante; algo etéreo autoriza o seu sacrossanto exercício de julgador.

Os seus instrumentos já não são mais os de costume, não os vemos mais sobre pedestais ou pódios elevados, temos, para tanto, toda uma teia de bytes e um conjunto de hipertextos, usada de forma ininterrupta, para que este exercite livremente tão soberba atividade.

Não vês como comporta tal julgador; não vês que sua vestimenta talar não é de cores fortes ou escuras, ou ainda, que ele veste uma roupa branca, procurando induzir moderação, querendo ser justo?

Comportam-se como algo virginal, convictos da candura de suas vestimentas, contudo, assemelham-se mais as carolas de outros tempos, prontos para desferir golpes de cajado em todos e em tudo. Por fim, não lhes sobrara nada, nada que não lhes seja próprio, restando somente à convicção de um futuro primado da sua doutrina.

Ora, mas não seria isso manifestação de um sistema individualista? Algo que, em boa parte do tempo, é negado por tais indivíduos?