Todos os dias... A noite...

Todos os dias... A noite...

Saía ela para o trabalho...

Sorrindo a filhinha lhe abraçava as pernas.

E antes da menininha chorar, ela abria...

Um pequeno saquinho de papel...

Um desses saquinhos de pipoca e dizia:

____Vamos minha filha bote uns pedacinhos do teu

Sorrisinho pro meu lanchinho...

E os dias...

E os anos...

Foram passando como as histórias foram acabando...

O olho machucado na batalha com o dragão...

O rosto inchado do tapa de um gigante de gelo...

As lágrimas que já não conseguiam esconder com a mesma facilidade que a menininha já moça escondia...

Pelas humilhações, preconceitos da verdade escondida.

Abrasavam-se...

Choravam...

Riam...

Gritavam...

Até que o silêncio se fez...

Após a menininha...

Após a moça...

Após a mulher... Falar:

____Lembra desse saquinho..?

____Fiz faculdade...

____Me formei...

____Fiquei em casa mãe, não precisa mais trabalhar, eu vou cuidar da senhora, vamos mãe bote um pedacinho do teu sorrisinho para o meu lanchinho amanhã de manhã...

Suacrem
Enviado por Suacrem em 04/05/2014
Código do texto: T4793387
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