Advogados do Diabo
Estão questionando meu jeito de ser. Sempre fazem isso, mas não sei ser diferente... Então sou bonzinho demais? Pareço ser subserviente? Parece que é a impressão que passo.
Só eu sei o que se passa dentro de mim. Sou contraditório. Procuro equalizar minhas atitudes, mas a minha matemática é inexata. O meu olhar passa pelo humano que é o outro e suaviza-se. A intenção que antes era a de me impor, a de colocar o que penso serem meus direitos, esbarra na percepção do direito que o outro tem de ser diferente de mim.
É o impasse que não me move. Que me imobiliza. Se o outro traz consigo o direito de pensar, sentir e agir de acordo com seus referenciais de vida, eu também sou uma pessoa histórica. Tenho, portanto, o mesmo direito de me pronunciar, mesmo sabendo que nenhum de nós estará totalmente certo e tampouco, totalmente errado.
Não vou negar minhas necessidades, se eu as tenho. Eu quero fazer parte desse mundo globalizado, tecnológico, que me trouxe uma nova necessidade: ser mais agressivo.
Apesar disso, minha atitude passiva é, sem dúvida, agressiva. Só não vê quem não quer. Eu não saio por aí batendo de frente com todo mundo, passando por cima de tudo e de todos para ocupar um espaço melhor na vida. Não!
A agressividade que me motiva é a de, todos os dias, identificar se estou fazendo tudo o que me é possível. É a de não me acomodar. E aqui, volto ao ponto: sou contraditório e reconheço que sou. À partir desse ponto, conhecedor que sou de meus limites e possibilidades, eu faço um pacto comigo mesmo de não morrer, sem pelo menos tentar fazer uso dessas outras possibilidades.
É o que estou fazendo. Estão vendo meus limites, próprios de qualquer ser humano, pois sou imperfeito e me assumo como tal. Se não estão vendo que tenho obtido sucesso... Bem, talvez eu possa ensinar algumas coisas também.
E aqui vai um exemplo: "Eu não posso ser o que vocês querem que eu seja. Eu posso, e isso digo sem nenhuma arrogância, deitar minha cabeça no travesseiro, todas as noites, e dormir em paz, porque minha família está bem. Se eles não veem isso, eu espero que nunca tenham que dizer que eu estava certo, me pedindo desculpas por me fazer mudar.".