ELE
Ele não se importa com meu passado.
É protagonista em meus sonhos analisados por Freud
O que mais me impressiona é sua beleza simples e seus argumentos que me seguram forte como se eu fosse de novo aquele menininho de cinco anos que aceitava pirulito de estranhos na esperança de um sequestro que me levasse a um lugar feliz.
Mas estou vivo nesse mundo confuso e desafiador que me coloca pra brincar de ciranda com vidas alheias, desperdiça meu tempo, oferece tédio e aventuras de amor em dimensões bipolares que estão entre ele e eu. –A vida nos faz de fantoches para que nós façamos o espetáculo do amor, mas é tudo bem sofisticado, o dono do mundo não é amador, é apenas adepto do humor negro.
Estou cercado de livros românticos. –Por toda minha vida vivi uma paixão exótica: Tenho amor platônico pelas entrelinhas e por todos os cenários dos meus tesouros literários; já quis viver em Hogwarts, Sítio do pica-pau amarelo, Rua do Limoeiro, País das Maravilhas, Winterfell, Nárnia, Oslo, Nova Iorque, Cairo, Londres, Paris, Rio de Janeiro [...]. Pertenço ao grupo das minorias: Sofro de ‘promiscuidade’, segundo alguns; é ‘doença’. Sofro de pedantismos, Sofro de clicherismo, Sofro de falta de antigos palácios, vivo com as ruínas, mas apesar de tudo sou livre mesmo tendo apenas partes remendadas e avessas de mim.
Tenho medo de não executar o que o nome me pede, talvez, fosse mais fácil tirar um Nude Selfie e expor-me mais uma vez, então, saberiam a proposta do título. Aqui tá cada dia mais difícil de ajustar alma ao corpo. Proteína liquida é o novo preto. Estou fora de moda.
Mas quanto a ele, não sei explicá-lo...
Poderia nomeá-lo, mas não colocaria humanidade neste ser. “He is unbelievable”
Poderia tatuá-lo em mim, mas ninguém explica o que vem depois.
Poderia ensiná-lo a amar outros homens, mas minha generosidade é só pra dois.
Poderia twittá-lo fazendo confissões, mas o espaço dos 140 caracteres acabou.
Não sei explicá-lo... –Não se ensina o ponto do mingau. É aquele que se atrai pelas minhas falhas, minha psicose, se apaixona todos os dias pela minha falta de interesse e pelo meu linguajar de segunda mão. Ajeita minha vida, atiça meu apetite e enlouquece minha alma.