As palavras que permanecem ocultas
As palavras que permanecem ocultas ao conhecimento do homem encontram-se livres de suas vicissitudes. Porém, mesmo que intocadas, que imparciais, têm em sua essência uma esperançosa vontade de um dia participar de um discurso.
Muitas palavras sonham em ser verbo, substantivo, pronome. E quando são empregadas, aceitam sujeitar-se à qualquer relação. São como homens sem pudor: Palavras não se recusam a participar de qualquer que seja a frase, se esforçam para serem sempre vocábulos.
As Palavras são como anjos que nos auxiliam à expressão;
Lhes fazem cócegas as fonéticas que a língua cria;
Acordam quando na folha a caneta gira;
E há dentre elas quem ojeriza analfabetos: Acham um desrespeito criá-las com defeito!...
Mas no fundo sabem-se palavras e mesmo que as inevrtam, têm carinho por quem as intenta.
Agora, as "palavras que ainda permanecem ocultas ao conhecimento do homem" são mais delicadas. Essas não aceitam qualquer emprego e por isso permanecem ocultas. Todas as palavras têm poesia, mas essas, têm um "algo a mais".
Elas não se farão vocábulos, são inertes às frases atuais; São saturadas de essência e precisam que o ser ressoe semelhante para lhe exprimir.
Um dia caberá ao homem descer à sua estrela
para conquistar sua pronúncia.
Talvez,
"se falasse a língua dos anjos
e falasse a língua dos homens,"
nesse dia, talvez
as saberemos.