( Achei nas coisas muito antigas ( Realidade )

REALIDADE...?

FICO OLHANDO TODOS OS DIAS O MOVIMENTO DAS ONDAS, E

QUANDO APONTA DOURADO NA AREIA E EU TIRO OS MEUS SAPATOS E

MINHAS MEIAS E ESFREGO MEUS PÉS SUAVEMENTE, SINTO UMA LEVEZA

DE ESPÍRITO TOCAR MEU CORPO, MEUS PENSAMENTOS, ACHO ESSE

MOMENTO TÃO SUBLIME, TÃO SIMPLES O MEU GESTO E TÃO COMPLETO

EM SEU ADORNO NATURAL, NÃO OLHO PARA OS MEUS PÉS, NÃO QUERO

COMETER O MESMO ERRO QUE COMETO TODOS OS DIAS, MEUS PES

REPRESENTAM A LIGAÇÃO MAIS FORTE COM A REALIDADE.

NÃO QUERO OUVIR AS BUZINAS ENSURDECEDORAS, OS GRITOS

DOS MOTORISTAS, ALUCINADOS EM CHEGAR... SEMPRE EM LUGAR

NENHUM.

A SUJEIRA DA PRAIA, CASCAS DE BANANAS, LATINHAS DE

CERVEJAS E REFRIGERANTES, COCÔ DE CACHORRO DAS MADAMES

CULTAS ETIQUETADAS, OS HOMENS SE ROTULANDO BONS MARIDOS,

BONS AMANTES QUE NÃO CONSEGUEM ESCONDER SUAS AS EREÇÕES

DIANTE DA BELEZA RÍGIDA DAS ADOLESCENTES E VOLTAM PARA CASA

PARA MAIS UMA NOITE IMPOTENTE E PATÊTICA, HOMENS TÃO VOLÚVEIS

QUE NÃO CONSEGUEM ESCONDER SUAS COLEIRAS E SEUS PARASITAS

MORAIS QUE CAEM DE SEUS COMPORTAMENTOS QUANDO MOLHADOS

PELA ÁGUA DA PRAIA, MISTURADOS COM SUAS URINAS, AS MULHERES

MAGRAS E PERFEITAS DE BELEZA INQUESTIONÁVEL OLHANDO COM

NOJO AS GORDAS ENGORDURADAS CHEIAS DE ESTRIAS E VARIZES

DEITADAS NA AREIA COMO BALEIAS ENCALHADAS, RINDO DELAS COMO

SE “TIVESSEM DIREITO DE ASSIM FAZER, ENTRE RISINHOS TAPAM SUA

BOCA TENTANDO MOSTRAR DISCRIÇÃO, MAL SABEM ELAS QUE SÃO, UM

PRODUTO MANUFATURADO DE UMA CLASSE LASCIVA, TORPE EM SUA

ESSÊNCIA, A GRANDE MAIORIA DELAS SÃO A MAIS PURA

REPRESENTAÇÃO DO FÚTIL E IGNOBIL OBJETO DE PRAZER.

ESCALDA-ME A FRONTE O SOL DAS DEZ HORAS...CHIA... FERVE...

BORBULHA O MEU SANGUE, DILATA AS MINHAS VEIAS, DESTAPA OS

MEUS POROS, DERRAMANDO O SUOR IMPURO E PÉRFIDO DO MEU CORPO;

SINTO OS MEUS PENSAMENTOS ESCORREREM POR ENTRE AS MINHAS

PERNAS, MEU CORPO TITUBEIA E SINTO A MINHA CABEÇA LATEJAR E,

SEM QUE EU QUISESSE, MINHAS GLÃNDULAS SE CONTRAEM E SE

EXPANDEM; CUSPO UM GRITO DE HIPOCRISIA SOBRE OS DEDOS DOS

MEUS PES, E OS 'VEJOM EU ESTOU NOVAMENTE DE FRENTE COM A

REALIDADE.

PASSA POR MIM O ALTRUÍSTA, O FILANTRÓPICO... BRANCO,

ESCONDE A SUA EMBÓFIA;~O ANTE RACISTA SORRI PARA O NEGRO

SENTADO EM SUA TOALHA BRANCA, CHEGA ATÉ ELE E COM UMA MÃO O

CUMPRIMENTA, ENQUANTO COM A OUTRA PINTA-LHE O CORPO DE

BRANCO. COMO EU GOSTARIA DE TECER UM NOVO EU, QUANDO ME

LEMBRO QUE NÃO SÓ FAÇO PARTE DESSE SISTEMA COMO TAMBÉM SOU

UMA DAS ENGRENAGENS DO MOVIMENTO EMPÍRICO; LATENTE NA

PRÓPRIA ABSOLVIÇÃO CORÔO-ME DE DOR PASSIVA. O BRANCO AGORA

ME OLHA, SE APROXIMA E ME EMPURRA, SOLTANDO UMA GARGALHADA

ESTRIDENTE COMO SE SOUBESSE O QUE EU ESTAVA PENSANDO.

LEVANTO-ME, HÁ POEIRIL EXISTÊNCIA... REFLEXO DA MINHA

INCERTEZA, QUE DESLOCA MINHAS IDEIAS, ARRANCANDO-ME DO EIXO

DO MEU TEMPO E ESPAÇO; NÃO QUERO LEVANTAR-ME, QUERO OUVIR AS

MINHAS VOZES... AS VOZES...

“SÃO TRÊS DA MANHÃ, UMA NOITE FECHADA, SEM ESTRELA

ALGUMA, PESSOAS TAMBEM ESTÃO ACORDADAS, ALGUMAS

CAMINHANDO DE UM LADO PARA OUTRO, SABENDO QUE NAO IRAO A

LUGAR ALGUM. UMA MULHER SENTADA NA CAMA CHORANDO; ELA

ESTÁ NUA COM A MÃO ENTRE AS PERNAS. DEITADO NA MESMA CAMA O

HOMEM DORMIA DESCANSADAMENTE, ALHEIO A DOR SILENCIOSA DA

MULHER. NO APARTAMENTO AO LADO, UM HOMEM SE MASTURBAVA

SOZINHO NA FRENTE DA TELEVISÃO, E EU, NA FRENTE DA .JANELA COM

O MEU BINÓCULO, ENXERGAVA TUDO, SILENCIOSO NU, SENTINDO

PRAZER. NO OUTRO APARTAMENTO, UMA POBRE VELHA NA FRENTE DO

ESPELHO, NUA, PASSAVA AS MÃOS EM SEU CORPO

ENVELHECIDO PELO TEMPO E PELA DOR. COMECEI A IMAGINAR OS

ODORES, OS BARULHOS. QUATRO HORAS DA MANJHÃ, ALGO DESLIGA '

AS LUZES, OUTROS ACENDEM. SAJO DA FRENTE DA JANELA E SENTO EM

MINHA POLTRONA, E FICO TENTANDO IMAGINAR QUANTOS ESTARÃO

TAMBÉM ME OBSERVANDO”.

SOMEM-SE AS VOZES E OLHO PARA OS MEUS PÉS, SINTO E VEJO UM

CACHORRO LAMBENDO OS MEUS DEDOS E, ANTES MESMO QUE EU POSSA

AFASTÁ-LO, A MOÇA LOIRA ABAIXA-SE E BALBUCIA AGUMA COISA

PARA O CACHORRO, PEGANDO-O NO COLO. E ELE LAMBE-LHE A BOCA

FRENETICAMENTE, E ELA SORRI; LOGO ATRÁS CHEGA O NAMORADO E

LHE DA UM BEIJO DEMORADO; NÃO HÁ NOJO ENTRE ELES E NEM HÁ

INFIDELIDADE.

UMA BOLA DE VOLEI ACERTA O MEU ROSTO COM CONSIDERÁVEL

FORÇA; JA NÃO VEJO O CASAL LIBERAL, E O RAPAZ GRJTA:

___EI “CARA”, ATIRA A BOLA!

OLHO A BOLA, QUIÇÁ POR TEMPO DEMAIS... ELA CHEGA...

___PODERIA ME DEVOLVER A BOLA?

___CLARO.

ESTENDO Os MEUS BRAÇOS E ELA PEGA A BOLA COM UM CERTO

CUIDADO, COMO SE CUIDANDO, ME OLHA FIRMEMENTE NOS OLHOS E

VIRA-SE, DESLOCA O AR QUENTE QUE ESBOFETEIA MINHA FACE,

NUBLANDO A MINHA VISÃO. ESFREGO OS MEUS OLHOS E VEJO SEUS

PEDAÇOS ESPALHADOS, LEVANTO COM DIFICULDADE E JUNTO OS SEUS

PES, PERNAS, VENTRE, BARRIGA, BRAÇOS E MÃOS, E CHEGO PERTO DELA

E OS ENTREGO A ELA; TODOS PARAM DE JOGAR NUM SILÊNCIO

ABSOLUTO; ELA ABAIXA A CABEÇA E VM MONTANDO AS SUAS PARTES,

UMA POR UMA, E ATIRA COM FORÇA A BOLA NA AREIA:

___POR QUE FEZ ISSO? AGORA EU ESTOU FORA DO TIME!

ABRO OS BOTÕES DE MINHA PELE, ME DISPO DO MEU CORPO E

ESTENDO A ELA. ELA O PEGA, O EXAMINA E ME DEVOLVE:

___NÃO ADIANTA, NÃO É O MEU NÚMERO.

Suacrem
Enviado por Suacrem em 28/04/2014
Código do texto: T4785838
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