Perdida no tempo
Em uma determinada fase da vida,
nota-se o amadurecimento quando a
inocência é deixada lentamente para trás.
Junto com ela, lugares, pessoas e objetos.
Em um determinado dia tenta-se chorar,
lamentar por tudo que foi embora e
bate um certo tipo de desespero por não
conseguir fazê-los. Por quê? Seria mesmo
o amadurecimento? ou só mais um cansaço
que faz com que eu não queira lutar?
Nem desistir, nem ganhar, tanto faz.
Desejaria mesmo parar o tempo e permanecer
assim sem pressa. Sentir as gotas da chuva
descer lentamente em minha face ou os raios
do sol arderem na pele numa tarde de verão.
Apenas queria. Queria que o tempo parasse,
gostaria que fosse diferente, de ter feito
diferente. Ter falado menos, escutado mais.
Queria apenas respirar, sem dores, sem um
afago. No fundo, eu só sinto falta de mim.
Estou perdida, confusa com esse tempo que
passa rindo em minha cara como fosse normal.
Perdida em um tempo recheado de mudanças,
as quais eu não posso escolher, apenas
vivê-las, como a natureza, a vontade de Deus
manda. Quero preencher-me com todas as
coisas boas que a vida guarda e aguarda.
E mesmo que com cicatrizes, eu saiba ser
a minha força, meu próprio alicerce em meio
ao fogo, que eu não me apague nunca quando
algo tirar minha graça e deixar assim... perdida
no tempo que passou, sem entender nada.