Ponta de Agulha

Um dos maiores, para não dizer O maior erro do ser humano, é pensar que possui qualquer coisa existente nesse mundo, que tem total autoridade para dizer que algo é seu, convicto de que é mesmo. Especificamente o outro indivíduo.

Com o passar do tempo, com a evolução individual, a gente vai moldando nossos pensamentos, e cada um piora ou melhora em relação aos verbos no imperativo. Isso se torna constrangedor para quem sempre se acostumou com algo (vou me referir assim em relação a outro indivíduo) e este lhe deu permissão para você tomar a liberdade de se sentir Dono do mesmo.

Como evitar o choque de simplesmente libertar o que sempre pensou ser preso a você?

As concepções que concluímos sobre posse são completamente ilusórias, pois de fato, quando algo não se sente mais humorado para ser dominado (da forma que este permitiu), ele simplesmente se adapta a outra situação. E a partir dai, os bem intelectuais percebem que, na verdade quem foi possuído foi quem pensou que possuía e não o contrário. E daí você começa a encaixar as peças de todas as situações que mostrou poder e a situação que se encontra sem nada nas mãos.

Tudo que envolve poder e ilusão de posse está diretamente ligado à mentira, a ilusão já é uma mentira, você criar certezas de que algo é seu sem sombra de dúvida é uma puta mentira. A maioria das pessoas confundem esse possuir na relação em que vivem com outro indivíduo e não sabem o quão fervorosamente estão enganadas com essa perspectiva.

A única maneira de sair dessa redoma, é você se olhando no espelho e admitindo que nem a você mesmo pertences, quem dirá outra pessoa. Cada indivíduo é um universo diferente, o que para mim é bom para o outro pode não ser, o que para mim é um caos para você pode ser o cosmos, e assim temos que nos acostumar com as imensas diversidades que encontramos em quem nos acompanha em determinado momento de nossas vidas.

Nos surpreendemos ao ver que tudo que pensamos ser nosso, pertencer perfeitamente ao nosso quebra-cabeça, não passa de mais uma peça complementar, fundamental para enxergarmos que a principal estava a nossa frente mas precisava da anterior para ser percebida na hora certa.

O que nos basta é mais humildade para admitirmos que tudo é temporário e passageiro, até o mais duradouro casamento, chegando a idade idosa, são separados pela morte, e tudo que viveram ficará na analogia do tempo, lembrados pelos ares que ali passaram.

O quão duro é admitir que já não “somos” o que pensávamos ser com tanta convicção?

Agora você é você, e eu sou eu, divididos, separados, sem ninho, sem junção, sem graça e sem proclamação alguma, a clemência chegou no âmago da mediocridade, e o que nos resta é apenas humildade.

Sejamos francos… com nós mesmos!

Waleska Manik
Enviado por Waleska Manik em 23/04/2014
Código do texto: T4779529
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