Reflexão sobre o caso Bernardo

O último acontecimento que chocou o país me levou a profundas reflexões acerca das atitudes humanas. Não, definitivamente não posso definir o ser humano como um animal, pois o mesmo, embora dotado de irracionalidade, não possui a maldade em seu coração. Que animal deixaria seu filho, carne de sua carne, a mercê da sorte, sendo simplesmente levado pelo destino a lugar algum? Como é possível uma pessoa seguir sua vida sem levar em consideração o fato de que a vida de seu filho foi brutalmente arrancada? Pior ainda é saber da possibilidade de que tudo aquilo possa ter sido feito com seu consentimento. Não, suas mãos não estão sujas com o sangue inocente de sua prole, mas a sua consciência, a sua omissão diante do fato, sim. Tais pensamentos me levaram então a uma reflexão ainda mais profunda. Temos o exemplo sublime de um Pai que entregou o seu filho a cruel raça humana para salva-la. Um Pai que por amor aos demais abriu mão do sangue de seu sangue, e agora temos o exemplo imundo de um pai que entregou o seu pelo triste sentimento que domina o mundo e a vida de muitos: A GANANCIA. Onde vamos parar? O que esperar de um mundo onde as pessoas são capazes de ceifar a vida daqueles que deveriam ser a razão da sua? O que esperar de um pai que preferiu abrir mão do futuro de um filho, que optou por se privar eternamente do abraço carinhoso, do sorriso alegre e espontâneo, somente para viver na falsa felicidade da ganancia. O que pensar de uma raça que presencia um pedaço de si implorando por amor, (o que deveria ser dado de forma incondicional e espontânea) e mesmo assim se nega? Deus, não sei mais o que pensar. Prefiro acreditar minha criança, que não houve e que já não há mais sofrimentos para você. Prefiro acreditar que descansa agora nos braços do nosso verdadeiro Pai e desfrutará eternamente desse amor que tanto carecia. Rogo nesse momento para que enfim encontre a paz de que é merecedor, rogo para que siga a sua jornada ao lado do Pai que de fato sempre o amou e que entregou e entregaria novamente a vida por você. Rogo a Deus pequeno anjo, que enfim seu olhar e sorriso transmitam a felicidade que em vida não teve. E silenciosamente rogo que a raça humana irracional encontre um caminho, uma direção, para que os vários Bernardos não tenham suas vidas arrebatadas por aqueles que deveriam defende-la a todo custo. Descanse em paz.

Débora Brandão
Enviado por Débora Brandão em 22/04/2014
Reeditado em 23/04/2014
Código do texto: T4778291
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