''Quem lhe prometeu certezas?''
Estava deitada, mas o ruído da rua ainda se sobressaía, vozes de pessoas, barulho de carros, o vento, a chuva, músicas, risadas aleatórias... Desisti de me convencer que estava cansada, levantei fui ao espelho: não sei porquê, talvez todas as pessoas já se viram desta maneira, mas não me vi, nem me senti, humana, ''será que toda a movimentação está me afetando?'', me questionei. Abri ''Quando Nietzsche chorou'', onde o querido Nietz indagava ''Você chora? E quem lhe prometeu oásis? Você sofre? E que lhe prometeu conforto e descanso?'' Pensei em abrir o bloco de notas mas tão logo desisti, ''Pra quê? Para quem?'', no fundo eu sabia que não precisava anotar, a frase de Nietz havia me atingido, ficaria gravado.
O vento continuava a soprar, as gotas de chuvas começavam a cair. Saí do quarto, servi um café e fui à área, os barulhos haviam cessados, e eu não percebera. A rua escura, e os meus pensamentos continuavam soltos '' Por que tenho estes colapsos?'' me perguntei. Voltei o olhar a chuva..
- E quem lhe prometeu uma vida perfeita e inefável?
''Não Nietzsche! Por favor!'', eu disse e voltei ao meu quarto, passei o olhar pelo espelho, na parte superior estava escrito: ''Muitas vezes me sinto vítima de uma piada celestial! É como se eu tivesse
esgotado minha vida dançando à melodia errada!''
Joguei me na cama, inerte, tudo rodava pela minha cabeça tão rápido que pela manhã estava com enxaqueca e náuseas.
Não sei se foi tudo real, mas de manhã quando me olhei no espelho a frase voltou '' E quem lhe prometeu saúde perfeita, conforto? Quem lhe prometeu certezas?
'' Porra Nietz, vá se foder'' eu gritei e arremessei ''Quando Nietzsche chorou'' no espelho.
Mas não adianta, ele continua aqui gritando sempre que pode, transformando minha vida em preto e branco.