No canto, a solidão...
No canto, a solidão de minha mente me arrebata. Sinto apenas um vento suave, uma brisa das lembranças ondulantes de minhas memórias. Lá, apenas eu conheço o caminho de volta. Jamais retornaram aqueles que adentraram minhas lembranças. Meus segredos, meus anseios; sentimentos tempestuosos tomam-me a língua que silenciosamente se movimenta em minha boca como quem fala silenciosamente. Jamais houve lugar mais tranquilo. Jamais houve lugar mais povoado: minhas memórias. Elas são meu alívio e as dores que preciso para acordar e recordar caminhos que já trilhei. Às vezes vejo, de longe, minhas memórias. Rememorando, as vejo como navio enorme que ancora lentamente em porto seguro sendo conduzido por um barquinho menor: minha língua. Sempre é assim. Aquilo que nos conduz é bem menor do que imaginamos e o que nomeamos enorme apenas se faz reservatório ínfimo de sentimentos menores. O simples sempre tem mais poder. Minhas memórias são simples e escolho perdê-las só para que eu tenha o prazer de reencontrá-las e resignificar cada uma delas, ancorando-as ao som das ondulantes saudades que teimam em ficar e ficar e ficar.