A ideia da decadência

Digo isso com respeito a toda a contemporaneidade que admite a realidade da vida como uma crença, provinda da ideia. E o que significa isso? Ora, falar sobre a ideia é o mesmo de propô-la enquanto eu mesmo falo. Pois, estando a falar das coisas do mundo, esqueço nele próprio, haja vista que devo estar tentando representá-lo através da ideia. Aliás, este mundo só existe mesmo porque temos a ideia. Do contrário ele seria só o que é, sem prolongamentos partidários a respeito dos desejos que perpassam o particular.

Mesmo que alguém diga que ela é verdade, a ideia, e mesmo que alguém consiga sustentá-la com os argumentos de que ela é a mais pura verdade sobre o pretexto de ser a mais alta de todas, essa divina forma de falar das coisas, o que é? E com que direito desconsideramos realidade e acontecimentos com base em ideias implantadas no mundo afim de dar uma dinâmica de ordem prevista por um saber qualquer.

Caso digamos que se refere a algo de bom, -como alguns pregam exclusivamente, e mesmo que tenhamos que obedecê-la a passos largos, apressadamente para conseguir chegar na frente, o que é que defendemos além de ideologias vazias e a total desconsideração dos fatos que ali acontecem.

Com que direito temos de fundar partidos e exigir do outro o seguimento deste sonho, como que numa manipulação, induzida por uma ilusão, provinda de como dizem: -da boa safra da ideia. Evidentemente que essa discussão não fui eu quem fundei, tampouco serei eu que conseguirei dar vencimento sobre este problema. Mas se é assim, no que devemos acreditar para agir? Em nós, nos livros, na história, na ontologia, no ser, na crença, ou devemos recuar um pouco a fazer estas mesmas perguntas a nós mesmos, livre dessa carga ontológica, do tempo, despidos de crença e da definição inacabada da coisa, cujo foco de interesse na investigação da Physis (Totalidade do real) é desconsiderado como um "já sei do que se trata."

Com que presunção acertamos o relógio do dia e fundamos opiniões que no tempo, certamente serão fruto de uma verdade segundo um contexto? Se for para aquele modelo de homens, então porque a desejamos então como eternas? Com que direito?