Tu, anjo que me toca...
Madrugada debruçada na janela,
Seios nus, vestidos de penumbra.
Nada se vê além da chuva fina,
Que como um véu esvoaçante,
Dança ao sabor do vento.
A noite é uma criança... Sim... Uma criança...
Que não vê o tempo passar,
Toma-o nas mãos despreocupadamente...
A brisa toca-me a pele. Respiro fundo...
Envolvida, inebriada pelo olor que me toma,
Roçando-me... Invadindo-me sem escrúpulos...
Fui tocada... Posso sentir.
Fui tocada... Suave euforia me transporta ao céu...
Desejo cada vez mais esse toque...
Toque-me!
Toco-te, tocas-me, tocamo-nos...
Como instrumentos em notas sustenidas e bemol.
E nesse vai e vem de acordes,
Somos melodia perfeita...
Em promessas e suspiros...
E então desperto de um devaneio...
Inda posso ver,
Tu, anjo que me toca em lira.
Eu...? Poesia em seus lábios...