CAPTURA
Deleite-se no intento de agora nada fazer,
Tente não perceber o quão custoso é a própria vida.
Possivelmente este prazer pode não lhe aprazer
Posto que o fazer é propriamente a saída.
Que é a vida eu digo, senão uma sucessão
De labirintos e saídas onde nos encontramos.
São inúmeras tentativas, assertivas ou não,
Ainda assim sucessão em variações incontidas.
De tempo, de nós, de nós mesmos
Pois somos os outros de outros,
Por vezes falamos de erros em sucessivos destinos.
Medimos e nos medimos, onde nos cabe onde não.
E imersas nessas medidas as nossas idas se vão.
Pois é! A vida é sem vindas!
Considere por um instante,
As nuances sucessivas de si mesmo em uma estante,
Aposentadas e esquecidas como um bibelô qualquer,
Essências capturadas que hoje você não quer,
Despercebidas e abandonadas empoeiradas pelo tempo.
Divergentes das outras apenas no movimento.
Inércia é o momento! Se em sua essência for medido,
Contemple-se e entenderá quanto de si é desconhecido.